O grafiteiro e ativista paulistano Thiago Leite, mais conhecido como Mundano, é o curador da exposição Reciclos: Criando Novas Perspectivas, que reúne obras de nove artistas, produzidas com toneladas de materiais recicláveis retirados das ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
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Mundano é famoso por reformar carroças de catadores de recicláveis e por painéis como O Brigadista da Floresta, feito no ano passado na lateral de um edifício em Santa Ifigênia, inspirado na obra O Lavrador de Café, de Cândido Portinari, e produzido com uma tinta criada a partir das cinzas da queimada de florestas. “São Paulo tem um desafio enorme em relação aos resíduos sólidos que produz. A exposição propõe novos olhares para o que a gente ainda chama de lixo”, explica Mundano.
A mostra, promovida pela Rede Educare no espaço Unibes Cultural, no Sumaré, tem visitação gratuita de quinta (1º) a 16 de outubro e inclui também uma galeria com retratos de catadores de lixo, jogos de realidade virtual e oficinas.
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1. Pássaros e Ninho
Feita com fios e cabos elétricos, a obra do bioconstrutor (profissional que usa materiais e técnicas de baixo impacto ambiental em construções) André Inea, 34, ilustra a reciclagem do meio ambiente na figura de pássaros construtores e coletores, como o joãode-barro. “Assim como várias espécies animais podem recolher materiais diversos e construir suas casas, nós também podemos rever as capacidades da matéria que temos em abundância”, afirma Inea.
2. Roselaine
O artista Felipe Arantes, 37, apelidado de “Iskor”, procurava a imagem de uma mulher preta e forte para montar um retrato com mais de 2 000 latas de alumínio até deparar com o rosto da catadora paranaense Roselaine Mendes Ferreira, que integra o Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis, e chegou ao resultado acima.
3. Por Que Você Não Vê?
A carroça multicolorida da educadora e grafiteira Kelly Reis, 36, é feita principalmente de papel e latas de spray, materiais mais descartados no dia a dia de sua profissão. “Os catadores se sentem invisíveis na sociedade e, na obra, as penas de pavão simbolizam olhos”, explica. “É importante perceber quais materiais descartamos e como podemos contribuir para a reciclagem.”
Unibes Cultural. Rua Oscar Freire, 2500, Sumaré. ① Sumaré ☎ 3065-4333. ♿ Qui. a dom., 12h/19h. Grátis. De 1º/9 até 16/10. unibescultural.org.br.
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Publicado em VEJA São Paulo de 31 de agosto de 2022, edição nº 2804