“Eu e Ana frequentávamos os mesmos eventos. Lembro que a encontrei fantasiada no carnaval e achei ela a mulher mais linda que já tinha visto na vida.
Em outra festa, fui bem cara de pau e pedi o número dela a um amigo em comum, o estilista de moda Marcelo Sommer. Mandei um torpedo pelo celular (na época, ainda não existia o WhatsApp): ‘Oi, aqui é o Augusto’. Ela respondeu, de forma meio dura: ‘o único Augusto que eu conheço é casado’. De fato, eu fui casado, mas já tinha me separado fazia muito tempo.
Nós começamos a conversar, mas ela me enrolou por alguns meses. Convidei-a para ir a um restaurante, show, exposição, cinema, teatro. Tentei de tudo, mas Ana achava que não tínhamos nada a ver. Sou muito boêmio, adoro sair à noite. Ela pensava que a única coisa que eu fazia da vida era administrar boates, enquanto ela gostava de dormir às 21h30.
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Na minha última tentativa, liguei para ela no feriado de 9 de julho de 2012. Provavelmente não tinha ninguém na cidade, só eu, ela e o prefeito. Disse que, se não aceitasse, eu iria parar de convidar. Ela fala que saiu para jantar comigo por pura insistência minha, mas o encontro acabou sendo incrível. Ana me contou que estava no cursinho preparatório para o vestibular. Ela pensava em trocar a carreira de modelo pela de médica depois dos 30 anos, e eu adorei a ideia. Ela confessa que acabou se apaixonando por mim e, depois de quatro dias, me pediu em namoro.
Com provas do processo seletivo marcadas para o mesmo dia, eu a levei de um ponto a outro de moto, e entreguei um Big Mac para ela comer entre os testes. Esse apoio foi importante para ela.
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Nós temos uma parceria e criamos um acordo sobre as festas. Ela vai embora mais cedo e eu fico até mais tarde.
Eu a pedi em casamento em 2015 em uma viagem ao litoral da França. Ganhei alianças de um amigo joalheiro e levei a caixa com os anéis escondida em um pacote de meias dentro da mala. Eu queria que fosse um momento muito especial, então coloquei na cabeça que o pedido seria em alto- mar. Enquanto estávamos na ilha de Córsega, pedi um barco emprestado a um amigo francês. Acabei pegando um trajeto um pouco desconhecido e fui parar em um lado da ilha onde o mar estava muito agitado. As ondas começaram a subir em cima do barco e ele dava sinais de que ia afundar. Eu entrei em pânico. Enfiei a aliança dentro da bermuda, para o caso a gente de a gente cair na água. Consegui fazer uma manobra e ancorar o barco. Acabei pedindo ela em casamento em terra firme mesmo, depois de muita adrenalina.
Fizemos duas cerimônias, uma em Santa Catarina com a família da Ana e outra em São Paulo.
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Quando ela estava no 5º ano da faculdade de medicina, Ana trancou o curso por seis meses para dar à luz Iolanda. No 6º ano, o Santiago nasceu. Era tudo o que a gente queria. Ela ainda está na fase de residência e às vezes sente uma culpa materna de não estar com os nossos filhos o tempo inteiro, mas eu tento ajudá-la a lidar com esse sentimento. Muito tempo atrás ela acreditava que não fazia diferença ter filhos solteira ou casada, mas hoje percebe como é importante uma parceria para criar um filho, dividir as angústias e fazer o trabalho braçal. Eu a admiro pela força de vontade que ela tem e pelo seu poder de se reinventar. Quando um pira, o outro acalma. Acho que temos um bom equilíbrio.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 29 de setembro de 2021, edição nº 2757