Quadrinista de SP que brilha no cenário internacional, Bilquis Evely aguarda lançamento de projeto autoral
'Helen of Windhorn', que será publicada pela Companhia das Letras, é nova parceria entre a artista e Tom King
De seu ateliê, no bairro Cerqueira César, a quadrinista paulistana Bilquis Evely, 35, desenhou com seus traços únicos e fantásticos personagens icônicos da cultura pop brasileira e internacional. De títulos como Luluzinha Teen e Sua Turma — série brasileira inspirada no icônico quadrinho americano e publicada pela Ediouro entre 2009 e 2015 —, passando por Shaft (Dynamite Entertainment), até Batman. Contratada pela DC Comics desde 2015, quando assumiu a função de desenhista regular de outra estrela dos gibis, a Mulher-Maravilha, a artista, atualmente encarregada dos traços que dão forma à Supergirl: Woman of Tomorrow — que, aliás, terá uma adaptação cinematográfica dirigida por James Gunn, atual CEO da DC Studios —, se prepara agora para o lançamento no Brasil de seu primeiro projeto autoral, Helen de Wyndhorn.
de Wyndhorn (Flávio Florido/Veja SP)
Lançada nos Estados Unidos pela Dark Horse Comics, em março do ano passado, a história teve seus direitos de distribuição adquiridos pela editora Companhia das Letras (através do selo especializado Suma), que colocará a versão brasileira em circulação em julho. Com referências a O Morro dos Ventos Uivantes, Conan, o Bárbaro e O Mágico de Oz, Helen de Wyndhorn acompanha a aventura épica da jovem Helen Cole. Depois de perder o pai, ela se muda para a casa do avô, um homem cheio de mistérios. Bilquis divide a empreitada com o escritor americano Tom King e o colorista capixaba Matheus Lopes (seu namorado), parceiros também na DC Comics.
“Depois de Supergirl, o Tom me propôs outro projeto juntos e achei que estava na hora de fazer algo meu. Estou bem ansiosa para ver a edição da Suma e a recepção dos leitores brasileiros por esse projeto todo nosso, autoral, criado do zero”, conta a desenhista. Bilquis deu os primeiros passos na carreira aos 16 anos, quando se matriculou em uma escola de quadrinhos para aprender o ofício de desenhista, justamente após ter sido impactada por uma revistinha da Supergirl. “Eu sempre escolho trabalhos pensando na conexão com meu estilo (mais onírico) e, por isso, nunca havia pensado em trabalhar com ela. Mas, quando recebi a proposta, foi amor à primeira vista. De certa forma, fechei um ciclo”, compartilha a paulistana.
O filme derivado dos quadrinhos desenhados pela artista, com seus traços cheios de volume e formas que trazem os ares fantásticos, será lançado em 2026, tendo como protagonista a atriz Milly Alcock, a Rhaenyra Targaryen de House of the Dragon. A notícia da adaptação surpreendeu Bilquis, que não esperava que o primeiro trabalho dela com Tom e Matheus fosse tão longe. “O Tom escolheu fazer a Supergirl porque ela ia ser descontinuada, pois não é uma personagem que vende bem nos Estados Unidos. Foi despretensioso, mas, quando eu vi as primeiras páginas coloridas pelo Matheus, entendi que estávamos no caminho certo”, lembra.
A consistente carreira internacional lhe rendeu indicações a prêmios como o alemão Rudolph Dirks Award, o espanhol Premios de la Crítica e o americano Eisner Awards, considerado o Oscar dos quadrinhos. Além de um fã-clube que lotou suas participações na CCXP, em 2023 e 2024. “Eu não tenho ideia de quantas pessoas leem meus quadrinhos. É um trabalho solitário e, por vezes, bem estressante. Então, é sempre bom receber esse carinho dos leitores, uma energização”, descreve Bilquis.
Publicado em VEJA São Paulo de 7 de março de 2025, edição nº 2934
