Com rosto emoldurado por seu penteado de roqueiro dos anos 70, o guitarrista americano Pat Metheny entra em cena no HSBC Brasil, onde se apresentou na quinta (6) pelo BMW Jazz Festival, e pega um violão diferente. Além de percorrer os dois braços, as cordas de aço cruzam mais duas vezes o corpo do instrumento na transversal (seria mesmo um violão?). O jazzista de dedos ágeis sola Sound of Water (Picasso Guitar) e tira uma sonoridade difusa, moderna. Com esse “brinquedo”, outros que serão apresentados e o clima de descontração ente os músicos, Pat transforma o palco num playground. E se diverte com isso enquanto a plateia se envolve.
Esse é apenas um dos motivos para você não perder o show que ele fará na área externa do Auditório Ibirapuera neste domingo (10), de graça. Ao lado do saxofonista Chris Potter (que às vezes rouba a cena), do baixista Ben Williams e do baterista Antonio Sanchez, ele troca de guitarra a todo o momento e emenda um tema no outro numa sequência crescente: Come and See, Roof Dogs, This Belongs to You… Como todo bom jazzista, abre espaço para os “side men” brilharem – e sua ótima Unity Band, que não se comporta como coadjuvante, dá conta do recado.
Com Pat Metheny menos é mais. E mais é muuuito mais. O show tem duos (na quinta, ele se apresentou individualmente com cada um dos músicos), momentos leves, de solos suaves e melódicos (como na faixa Insensatez, de Tom Jobim) e intensos, no qual todos os instrumentistas tocam ao mesmo tempo com vigor. No meio da apresentação, as cortinas colocadas no fundo do palco caem e revelam uma parafernália de instrumentos de percussão e até garrafas. O lado showman do guitarrista se revela. Ele passa a acionar esses equipamentos com os pedais da guitarra. Sim, você verá tocando sozinhos pratos, xilofone, acordeom… E Pat Metheny mostra que seu som contemporâneo, felizmente, não combina com seu datado penteado.