Em sua 20ª edição, a Parada Gay ocupa a Avenida Paulista neste domingo (29). O tema da edição é Lei de Identidade de Gênero Já! Todas as pessoas juntas contra a homofobia. Dezessete trios levantarão a bandeira T (a favor do segmento T, mulheres transexuais, homens trans e travestis). O encerramento está previsto para ocorrer por volta das 18 horas, em frente à Praça Roosevelt.
Como de costume, o público que foi ao evento aproveitou também para manifestar suas opiniões sobre outros temas, como política e o repúdio ao estupro de uma jovem ocorrido no Rio de Janeiro. Confira alguns momentos do evento nesta tarde:
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> > Logo pela manhã, a presença do elenco da série Sense8, produzida e exibida pela Netflix, causou alvoroço no público ao subir em um trio em frente ao Shopping Cidade de São Paulo. Estiveram no local os atores Jamie Clayton, Alfonso Herrera, Brian J. Smith, Max Riemelt, Freema Agyeman, Miguel Ángel Silvestre e a diretora Lana Wachowsky. Ao som de funk e Beyoncé, o elenco subiu em um trio para gravar uma cena em que o personagem Lito (papel de Miguel Ángel Silvestre) se declarou gay para o público e lascou um beijo em Hernando (interpretado por Alfonso Herrera). A gravação durou cerca de 40 minutos e em seguida ele gritou para o público: “Que comece a festa!”.
> A falta de fiscalização fez ambulantes instalarem caixotes com óculos de sol (a partir de 20 reais), churrasquinho (5 reais o espeto) e tiara de flores de plástico (10 reais). O maior número de cacarecos ficava entre a Rua Joaquim Eugênio de Lima e Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Por ali estavam os vendedores de itens mais inusitados: coxinha de jaca e de Nutella. Ah, para a alegria dos naturebas: a versão de jaca era assada – fritura, jamais.
> A lanchonete Hooters, que tem uma unidade na região da Avenida Paulista, escalou um time de garçonetes bonitas para promover a casa no meio da Parada. Pode parecer pouco, mas não é: o restaurante tem público masculino. Mostrar que deseja atrair gays entre seus clientes é um sinal de estar em sintonia com os tempos.
> Quem também deu as caras na 20ª edição da Parada LGBT foi a trans Viviany Beleboni (que na edição do ano passado encenou a crucificação). Nesse ano, a modelo fantasiou-se de “Justiça” e carrega consigo uma bíblia e uma cruz sangrando e a frase “Bancada evangélica: retrocesso”.
Segundo afirma, a ideia da fantasia é representar a Lei de Igualdade de Gênero para travestis e transexuais, tema da Parada LGBT em 2016. “Eu não penso em fazer polêmica. Quero mostrar a Justiça com uma faixa preta que tampa a visão. A Bíblia é para representar a bancada evangélica, que significa retrocesso para mulheres e LGBT.” A modelo também colou notas de dólar na parte interna da bíblia. “Representa o dinheiro do povo, a forma como eles da bancada chegam ao poder.”
“No ano passado, me acusaram de vilipendiar um símbolo sagrado por causa da crucificação. Era uma cruz feita dois dias antes na marcenaria, eu não tirei nada da Igreja”, disse. “Neste ano, a Bíblia é só um fichário imenso. É artístico, não é vilipendiar. Vilipendiar é vender sabão em pó a R$ 70 na igreja e pedir número de cartão de crédito dos fiéis.”Para Viviany, a encenação faz parte da militância. “Travestis e transexuais são os mais prejudicados. Gay, quando não aparenta não ser, ainda consegue sair na rua, consegue emprego. Nos, não”, disse. “O Brasil está muito atrasado em tudo.”
A modelo também afirmou que chegou a receber ameaças, mas não se mostrou preocupada. “Disseram que iam atirar em mim na Parada. Ainda estou esperando”, afirmou. Ela não quis comentar a faixa de “Fora Temer” do carro. “Só tenho a dizer que precisamos de eleições gerais. É uma democracia ou teocracia?”
Em tempo: São Pedro deve mesmo simpatizante da parada, como costumam dizer os participantes. Contrariando todas as previsões, de Climatempo ao Weather Channel, nenhuma gota de chuva caiu até às 16h.