Ozzy Osbourne e Black Sabbath emocionam 70 000 no Campo de Marte
Em duas horas de show, pioneiros do heavy metal enfileiram sucessos para fã nenhum botar defeito
Não foi muito fácil chegar ao Campo de Marte, onde o Black Sabbath se apresentou, numa sexta-feira de trânsito complicado, como outra qualquer na cidade. A única entrada para a pista comum deixou o público de cabelos em pé – muitos só conseguiram entrar depois do show de abertura arrebatador do Megadeth. Passado o perrengue, 70 000 fãs que esgotaram os ingressos da apresentação se entregaram de corpo, alma e gogó a duas horas de hinos do metal.
Na primeira (e talvez) única turnê do Black Sabbath com Ozzy Osbourne nos vocais, a banda inglesa apareceu no palco montado no aeroporto local às 21h04, após o toque de uma sirene. Por trás de uma cortina, as lendas: Ozzy ao lado do guitarrista Tony Iommi e do baixista Geezer Butler. Da formação original, faltou o baterista Bill Ward, que foi substituído pelo jovem cabeludo Tommy Clufetos.
+ Blog Passagem de Som: O problema é a falta de espaços, não o Campo de Marte
Reunidos sob uma lua brilhante, os fãs foram às lágrimas nos primeiros acordes de War Pigs, escolhida para abrir o encontro histórico. “Vocês são demais. Deus abençoe vocês”, gritou o príncipe das trevas antes de anunciar Into the Void. Como era esperado, o quarteto seguiu à risca o repertório apresentado nos shows anteriores da turnê. Ozzy estava maluco, o que nunca foi novidade. No auge de seus bem rodados 65 anos, o roqueiro corria para lá e para cá, meio curvado e com os braços bobos. Jogava água no rosto e sobre a cabeça (de um balde, provavelmente) e batia palmas num polichinelo desengonçado. E ele ainda arrebenta nos vocais, não dá para negar. “Não consigo ouvi-los!”, reclamava o vocalista.
O mesmo dizia o pessoal da pista comum, aonde o som mal chegava. Na pista premium, o som estava honesto. Grande parte do repertório foi lançado nos anos 1970, nos álbuns Black Sabbath e Paranoid, os dois primeiros da banda, e excluiu canções gravadas sem Ozzy nos vocais. Do disco mais recente, 13, lançado em junho, foram três: Age of Reason, God is Dead? e End of the Beginning.
O príncipe das trevas só precisou descansar uma vez. Saiu na instrumental Rat Salad, antes do solo competente de Clufetos, e voltou para a arrebatadora Iron Man. E prosseguiu pulando. “A próxima é Dirty Women, eu amo Dirty Women”, comentou com uma risada safada. Children of the Grave anunciava que o show estava perto do fim. Foi a vez, então, da despedida com Paranoid. Na saída, amigos batiam no peito “Eu vi o Ozzy, cara!”.
Depois de passar por Porto Alegre e São Paulo, o Black Sabbath ainda se encontra com fãs brasileiros no Rio (13/10) e em Belo Horizonte (15/10).