Com 95 anos completados no último dia 5, Nathalia Timberg, uma das maiores damas do teatro brasileiro, se prepara para encenar o último ato de sua carreira.
Escrito pelo britânico Alan Bennett e adaptado para os cinemas em 2015, o espetáculo A Mulher da Van estreia em 16 de agosto no Sesc Pinheiros com a atriz no papel principal.
“Nathalia me apresentou esse texto há mais de quinze anos dizendo quanto a personagem a tocava”, relembra o diretor, Ricardo Grasson.
Com Caco Ciocler e Duda Mamberti no elenco, ela vai interpretar Mary Shepherd, uma senhora inglesa acumuladora que vivia dentro de uma van nos anos 1970. Baseado em uma história real, o texto acompanha a relação da protagonista com o único vizinho amigável, que permite manter o veículo estacionado em sua garagem.
“É um privilégio ter um material desses nas mãos e poder construir isso juntos”, diz Nathalia, que celebrou o aniversário com uma festa-surpresa no camarim, entre um ensaio e outro.
Em sua longeva trajetória, a veterana ficou marcada por encarnar vilãs icônicas da televisão, como Constância Eugênia, em O Dono do Mundo (1991), e Dona Idalina, em Força de um Desejo (1999).
Outra atuação emblemática foi como Celina, a irmã boa de Odete Roitman, em Vale Tudo (1988), que terá uma nova versão produzida pela Globo em 2025.
Nos palcos, um de seus últimos trabalhos foi em Através da Iris (2018), no papel da ícone fashion Iris Apfel, que faleceu em março deste ano.
Na nova peça, a personagem não é nem mocinha nem vilã. “Essa é uma narrativa sobre relações humanas, etarismo, o envelhecer e a finitude”, resume Grasson. “É histórico alguém nessa idade, com essa disposição, ensaiando de segunda a sábado há dois meses. Ao entrar em cena no próximo dia 16, Nathalia entrará para o livro dos recordes.” Bravo!
Publicado em VEJA São Paulo de 9 de agosto de 2024, edição nº 2905