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Museu Pelé sofre com a falta de público e de recursos

O complexo de 50 milhões de reais foi inaugurado em Santos na Copa do Mundo

Por Bárbara Öberg
Atualizado em 5 dez 2016, 12h38 - Publicado em 2 abr 2015, 21h05
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  • Com 1 283 gols ao longo de 21 anos em campo, Edson Arantes do Nascimento preenche bem com sua história os 4 134 metros quadrados do Museu Pelé. Inaugurado em Santos em junho de 2014, em plena Copa do Mundo, o complexo administrado por uma organização sem fins lucrativos e de estilo high-tech custou 50 milhões de reais, entre dinheiro público e privado, via leis de incentivo à cultura. Foi equipado com telas touchscreen e hologramas, ao lado de um acervo de 2 500 peças, incluindo a caixa com a qual o craque trabalhou como engraxate na infância e o troféu Atleta do Século, concedido a ele pelo jornal francês L’Équipe em 1980.

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    Quando ocorreu a abertura de suas portas, o endereço era visto pela prefeitura local como um cartão-postal capaz de colocar a cidade do Litoral Sul no mapa do turismo mundial. Mas deu zebra na aposta. A expectativa inicial era atrair cerca de 1,2 milhão de pessoas por ano. Até que a estreia prometia cumprir o sonho de goleada de público. O primeiro mês registrou 12 786 pagantes. Depois, porém, a média foi caindo mais do que Neymar em campo.

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    Após nove meses de funcionamento, somente 57 765 visitantes haviam passado pelas catracas, o equivalente a 5% da meta. O resultado é um frango nas contas: os ganhos com a bilheteria não pagam nem metade dos 160 000 reais mensais de manutenção. Para efeito de comparação, o Museu do Café, que fica a poucas quadras dali, no centro histórico de Santos, vendeu no ano passado 256 000 ingressos. “É uma situação delicada”, resume José Eduardo Moura, diretor do Museu Pelé.

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    Um dos problemas é a falta de novidades capazes de atrair mais gente ao lugar. Por ali, a mostra em cartaz continua a mesma da estreia, Quatro Copas e um Rei. “Não basta colocar elementos importantes em uma vitrine, é preciso criar diferenciais”, recomenda André Sturm, diretor do Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS), no Jardim Europa, que atraiu 603 197 visitantes em 2014. José Eduardo Moura reconhece as falhas. “Falta divulgação, mas ainda não tivemos tempo de nos dedicar a isso.”

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    Além do mais, a dificuldade de conseguir apoiadores aumentou em época de aperto na economia. Os dirigentes recorreram novamente a leis de incentivo e conseguiram a aprovação para captar mais 11,3 milhões de reais, só que nenhuma empresa fechou negócio até agora. “O objetivo desde o começo sempre foi trabalhar com patrocínio para fechar a conta, mas não esperava essa crise”, queixa-se Moura.

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    A instituição pode representar um novo capítulo na lista de negócios malfadados de Pelé fora dos campos. A relação começou nos anos 60, quando ele amargou uma série de prejuízos por ter deixado os negócios nas mãos de seu empresário na época, José Ozores Gonzales, o Pepe Gordo. No caso do museu, o craque tem uma sala exclusiva e recebe 15% da renda, pela cessão da imagem (as retiradas continuam mesmo com a operação deficitária).

    Depois da inauguração, suas aparições por ali se tornaram raras. Além da agenda curta, ele enfrentou uma infecção urinária que o deixou dezesseis dias internado em São Paulo no fim do ano passado. Os responsáveis esperam contar com a presença mais assídua do astro no local. O rei é a grande esperança para virar o jogo.

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