Museu do Futebol reabre com novas salas e destaque ao futebol feminino
Espaço passou pela primeira grande reforma após a inauguração, em 2008
Instalado no Estádio do Pacaembu (atual Mercado Livre Arena), o Museu do Futebol reabre nesta sexta- feira (12), após sua primeira reforma completa desde a inauguração, em 2008.
Com salas inéditas e outras ampliadas, as bem-vindas mudanças deixaram o museu mais diverso, interativo e acessível, como Vejinha pôde conferir em primeira mão na última segunda, dia 8.
Antes da obra propriamente dita, iniciada em novembro de 2023, um importante trabalho nos bastidores envolveu o licenciamento de mais de 1 500 imagens, a criação, revisão e tradução de 136 novos textos, a produção de mais de sessenta vídeos e a aquisição de centenas de equipamentos, entre computadores, monitores, câmeras e projetores, que se somaram ao investimento de 16 milhões de reais.
“Mantivemos o DNA do museu, mas com muita atualização de conteúdo”, afirma a diretora executiva, Renata Motta. Agora, o visitante é recebido por Pelé e, ao fim do passeio, convidado a retornar por Marta — um vídeo da atleta, projetada numa tela em tamanho natural, finaliza o circuito com falas em português, inglês, espanhol e Libras (a Língua Brasileira de Sinais).
O destaque à participação das mulheres no esporte é um dos pontos altos do novo projeto. “O museu já havia feito atualizações na exposição de longa duração, mas eram sempre remendos. Desta vez, o futebol feminino tem o espaço que merece”, diz Marcelo Duarte, que divide a curadoria com Leonel Kaz e Marília Bonas.
Para isso, o trio precisou atualizar três salas com a atuação das mulheres nos gramados. “O museu foi coletando, sistematizando e estruturando a preservação dessas histórias, antes pouco conhecidas, e contá-las se tornou uma missão”, explica Marília.
As salas Dança do Futebol, Jogo de Corpo e Pelé são inéditas, assim como a Raízes, que narra o período em que o futebol se tornou parte da identidade nacional, de 1930 a 1950, a partir de mais de 100 fotografias.
Rebatizada de Almanaque da Bola, a sala que trazia números e curiosidades ganhou mais conteúdo, como uma maquete do Pacaembu e a instalação que destaca a presença de jogadores brasileiros em clubes estrangeiros. Aqui, a curadoria acerta ao levantar temas como racismo, intolerância e discriminação, que ainda rondam estádios mundo afora.
Uma vitrine com objetos cedidos por craques, renovada ao longo do tempo, completa o espaço, que conta agora com recursos táteis. Por fim, o visitante pode se aprofundar no acervo por meio de terminais interativos de pesquisa. O novo Museu do Futebol está batendo um bolão.
Museu do Futebol. Praça Charles Miller, s/nª, Pacaembu. ☎ 3664- 3848. Ter. a dom., 9h/18h (entrada até 17h). R$ 24,00 (inteira). Grátis às terças e nesta sexta (12), no sábado (13) e no domingo 14). museudofutebol.org.br
Gols de placa
Confira os principais destaques da nova fase do Museu do Futebol
› Protagonismo feminino
A Sala Origens, que conta a história da modalidade nos seus primórdios, no século XIX, até a década de 30, foi atualizada com os registros mais antigos de mulheres jogando futebol, em 1920. A Sala das Copas ganhou uma ala dedicada ao período de 1941 a 1983, em que mulheres eram proibidas por lei de jogar. Todas as Copas Femininas, iniciadas em 1991, também estão representadas lado a lado com as Copas Masculinas.
› Sala Pelé
O Rei ganha uma ala própria com fotos de momentos marcantes de sua carreira e um vídeo-homenagem inédito feito pelo cineasta Carlos Nader. Há ainda uma camisa da antiga Seleção Paulista, usada por ele em 1968, no amistoso com a presença da rainha Elizabeth II. Na ocasião, os paulistas venceram os cariocas por 3 a 2, com um gol de Pelé.
› Homenagem ao Pacaembu Dentro da Sala Almanaque da Bola, há um espaço dedicado a contar a história do Pacaembu, com um monitor interati- vo com imagens do estádio desde a sua construção, uma maquete tátil, cartazes de shows que aconteceram no local, uma instalação com cadeiras retiradas das arquibancadas em 2022 e uma área com vista para o gramado.
› Questões contemporâneas
A Sala Almanaque da Bola também aborda o racismo no futebol, com destaque para uma frase emblemática do jogador Vini Jr., vítima de manifestações racistas na Espanha. Modalidades do esporte adaptadas para cadeirantes e surdos também ganham visibilidade.
› Experiências interativas
Uma das salas permite ao visitante assistir a gols históvricos, comemorações inesquecíveis e defesas e dribles geniais, de homens e mulheres. Em outra, dez jogos interativos prometem diversão, como uma máquina de pinball e um jogo da velha onde cada jogada depende de um chute certeiro num telão interativo.
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Publicado em VEJA São Paulo de 12 de julho de 2024, edição nº 2901