Em uma cidade como São Paulo, marcada pelos fluxos migratórios, faz-se relevante a presença do Museu da Imigração, que comemora, no próximo dia 25, seu aniversário de trinta anos. Para prestigiar a ocasião, a sede da instituição recebe uma programação a partir do sábado (17), quando ocorre o festival VIVA! Japão, que também celebra os 115 anos da imigração japonesa com shows, oficinas, experiências e comida típica.
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Em três décadas, a instituição da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo passou por grandes mudanças. Em junho de 1993, o Museu da Imigração ocupou a antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás, local que acolheu 3,5 milhões de migrantes, de mais de setenta países, para suprir a necessidade de mão de obra nas fábricas e lavouras de café paulistas. As atividades foram encerradas em 1978 e, quatro anos depois, o edifício foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).
Em 1998, o local mudou de nome para Memorial do Imigrante. Voltou a se chamar como o conhecemos hoje em 2011, quando fechou as portas para passar por uma reforma estrutural e conceitual. “Ele amadureceu em termos institucionais, de equipe, conteúdo, contato com o público, entendimento do acervo e das atividades propostas”, explica Henrique Trindade, pesquisador da instituição. “Migrações foram, são e sempre serão dinâmicas. Para ser propositivo, o museu precisa acompanhar essas mudanças”, acrescenta.
A diretora executiva, Alessandra Almeida, conta que teve início no último ano um processo de reavaliação crítica. “O grande projeto do momento é a requalificação da exposição de longa duração, que vem de uma forma quase que inédita. Começa a partir de um processo de escuta, com vários públicos, comunidades, acadêmicos e parceiros, de maio a outubro do ano passado. Realizamos vários encontros para pedir que tivessem um olhar crítico para a mostra”, diz. O resultado, segundo a diretora, deve ser apresentado ao público entre o fim deste ano e o início de 2024.
Fora do corredor cultural na Avenida Paulista, o Museu da Imigração tem o desafio de atrair o público presencial — ainda não retomou o mesmo nível de 2019, antes da pandemia, quando teve 190 000 visitantes em um ano. Uma das estratégias foi reforçar a presença virtual, que já existia com ferramentas como o acervo de registros de imigrantes e se expandiu com a realização de mostras virtuais. Em 2022, mais de 1,2 milhão de internautas acessaram o site.
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Outro desafio é ampliar a representatividade. “Um envolvimento que não tínhamos trabalhado até recentemente é a migração nacional. Agora estamos com o projeto Brasileiros na Hospedaria”, diz Alessandra. Trindade acrescenta que o museu está apostando em projetos sobre imigração haitiana e o tema da migração com o recorte das mudanças climáticas, além de estar desenvolvendo parcerias nacionais e internacionais.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA DOS 30 ANOS DO MUSEU DA IMIGRAÇÃO
VIVA! Japão. Sábado (17) e domingo (18), 10h/18h.
Projeto VOZES – Dia Mundial do Refugiado. Sábado (24), 11h.
Lançamento do Selo Empresa Amiga do Migrante. Sábado (24), 14h.
Apresentação da Orquestra do Colégio Ouro Preto. Domingo (25), 12h.
Show Orquestra Mundana Refugi. Domingo (25), 14h.
Espetáculo teatral Boa Noite Boa Vista. Domingo (25), 15h30.
Publicado em VEJA São Paulo de 21 de junho de 2023, edição nº 2846