Desenvolvida inicialmente na metade do século XX, em uma pequena cidade de Portugal, a tapeçaria de Portalegre atraiu vários artistas de renome nas últimas décadas. A técnica tem como resultado peças únicas, em contraste com a produção em série das tapeçarias tradicionais. Um amplo painel dessas criações pode ser visto em A Arte da Tapeçaria — Tradição e Modernidade, ótima mostra em cartaz na Galeria de Arte do Sesi.
Foram reunidas obras de 39 nomes, tanto do modernismo quanto contemporâneos. Cada um deles fez um rascunho original em pequeno formato, mais tarde transposto por uma desenhista para uma escala maior.
Por fim, o material foi enviado para a tecelagem e realizado com um método peculiar, que inclui finas tramas de algodão entre as linhas; assim, o espectador não vê as separações entre os fios.
De longe, a semelhança com pinturas chega a encantar. Há na seleção a presença constante de uma abordagem nacionalista, de forte pegada social, sobretudo nos murais de Guilherme Camarinha (o monumental painel Alentejo) e Almada Negreiros (com destaque para a geometria insinuante de Bailarina).
Estrutura Ambígua, de Eduardo Nery, tem os truques de ilusão da op art, enquanto o caos de elementos de Composição, de Maria Helena Vieira da Silva, lembra Jackson Pollock.