A calça jeans e o sutiã nunca estiveram tão fora de moda. Na quarentena, tudo o que aperta e compromete o bem-estar deu lugar ao que é leve e confortável. Com os novos hábitos, roupas para vestir em casa ou na rua se misturam e popularizam itens como o moletom, até então relegado aos dias de descanso. “A tendência de optar por usar tênis e outros calçados no lugar do salto alto, que já crescia há anos, agora deve se estabelecer ainda mais”, afirma Fernanda Leite, professora de moda do Centro Universitário Belas Artes. Essas escolhas feitas no período de isolamento devem ser reproduzidas nas roupas usadas após a pandemia. “Com o crescimento do home office, as pessoas apostaram mais na compra de tops, camisas e camisetas, pois são os produtos que aparecem nas videochamadas”, observa Fernanda. Tecidos com acabamento antiviral são outra novidade e ajudam a eliminar o coronavírus após alguns minutos — marcas nacionais, como a catarinense Dalila Têxtil, já investem na tecnologia protetora. “E o ‘faça você mesmo’ tem sido mais uma forma de revisitar o guarda-roupa”, acrescenta Ana Julia Büttner, professora de design de moda da Universidade Anhembi Morumbi. “Talvez as pessoas passem a comprar itens que sejam diferentes, chamem a atenção e sejam personalizados.” A seguir, confira as apostas de tendências da moda para um mundo pós-Covid-19.
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MEIO SOCIAL
Inspirada pelo home office, a Whatever Inc. desenvolveu um conjunto de pijamas que mistura moletom e camisa social — meio business, meio relaxado, na definição da própria empresa japonesa. O modelo representa uma possível tendência pós-pandemia entre trabalhadores remotos, que precisarão pensar no que vestir para aparecer nas videochamadas diárias sem abrir mão do conforto durante o expediente dentro de casa.
PARA DENTRO E FORA DE CASA
Peças com elastano e conjuntos apropriados para atividades físicas podem fazer parte de algumas das novas combinações. “Mesmo para momentos fora da academia”, enfatiza a professora Ana Júlia Buettner. A ideia é integrar tecidos leves e maleáveis, que não fiquem rentes ao corpo. Outra possível herança do período de isolamento será o loungewear, cujas peças feitas para ficar em casa devem ganhar mais texturas e estrutura sofisticada, combinadas com tecidos “respiráveis”.
SONO ARRUMADINHO
Em todas as apostas fashion, as definições “roupas para sair” e “para ficar em casa” se misturam cada vez mais, até mesmo no caso das usadas para dormir, com os excêntricos pijamas da moda street style. Impossível dizer se os brasileiros sairão de casa vestindo pijamas modernos e estampados, mas versões mais elegantes, com botões e tecidos acetinados, prometem fazer parte do guarda- roupa — resquício do desejo de investir em boas noites de sono durante a quarentena.
NÃO É BEM PANTUFA
Nos pés, as novidades também privilegiam o conforto. “Sapatos com pelinhos dentro, pares com cara ‘fashionista’ e materiais que fogem do couro”, exemplifica a professora Fernanda. Linhas de chinelo de veludo podem começar a surgir nas lojas. “Não são pantufas, e sim calçados que também servem para sair de casa, com matérias-primas leves, peças de veludo e malha.”
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REI DA NOVA ERA
Peça recorrente na pandemia, o moletom resume o look quarentener: prático e confortável. “Algumas marcas já apostam em roupas sofisticadas e bem construídas com moletom como matéria- prima”, ressalta Fernanda Leite. Entre modelagens ajustadas ao corpo e versões oversized, com dimensões volumosas, o material já é moda entre os famosos, como Jennifer Lopez. Nas combinações, vale apostar tanto no clássico cinza-claro como em versões coloridas.
CORES E ACONCHEGO
No lugar das lingeries fabricadas com tecidos sintéticos, as fibras naturais e os modelos sem costura passam a ser mais valorizados e preservam o lema “conforto e praticidade”. “A lingerie tem uma fabricação sem aros, bojos ou enchimentos”, traduz Fernanda. “E marcas que ‘abraçam’ diversos corpos.” As opções assumem cada vez mais tons alegres, de cores vivas a estampas com pequenos detalhes.
PRODUÇÃO CASEIRA
A onda de atividades manuais durante o isolamento também deve influenciar como nos vestimos. Além de peças em tricô e crochê, a técnica tie dye ganhou espaço e rende resultados bem coloridos, em degradê. “É um método de tingimento milenar, muito usado no Oriente e popularizado pela cultura hippie”, explica Fernanda Leite. “Feito manualmente, mistura pigmentos e fica com aquele efeito ‘manchado’.” Nos últimos tempos, o estilo ficou ainda mais conhecido por alguns dos looks da cantora e atriz Manu Gavassi.
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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 8 de julho de 2020, edição nº 2694.