Curso de moda muda a vida de jovens do Campo Limpo
Exposição de fotografia mostra a rotina de estilistas da periferia
Em 2006, o fotógrafo holandês Ahmet Polat entusiasmou-se com a ONG Estrela Nova, sediada em Campo Limpo, na Zona Sul. A entidade mantinha na época uma oficina de corte e costura. Ele começou a registrar a rotina de quatro alunos que lutavam por uma bolsa de estudos no Instituto Europeu de Design (IED), em Higienópolis. Três foram contemplados, e todos se profissionalizaram nesse mercado.
Sete anos depois, Polat voltou à cidade e fez novas imagens do quarteto. O material compõe a exposição O Dom da Periferia, que está na DOC Galeria, na Vila Madalena, desde quarta(26). “Quero mostrar que, se a pessoa tem chance, ela pode melhorar a economia do país e a própria vida”, explica Polat, cujo trabalho é patrocinado pela prefeitura de Amsterdã.
Mariana Machado está entre os quatro. Ela tinha 17 anos quando participou do ensaio. “Eu me matriculei no curso para ter certeza da vocação”, conta. Em agosto, ela lançará sua linha de roupas, a Calvário, que prepara na casa onde mora, no mesmo bairro (quase todos, aliás, ainda vivem ali).
“Espero que a exposição dê projeção à nossa carreira”, diz João Carlos Monteiro, que cria moldes para grifes como Cris Barros, assim como Bruna Medeiros — a única que não ganhou a bolsa do IED. “Mesmo sem diploma, trabalhei muito e montei meu ateliê”, afirma. Para Leandro Benites, que completa o grupo, o subsídio para estudar foi crucial. “Sem ele, não teria chegado até aqui”, avalia o rapaz, com passagem por marcas como a SAAD.