Marta Soares ocupa a Casa Modernista com corpos performáticos
<em>Deslocamentos</em> fica em cartaz até este domingo (23)
Nada de palco, arena ou galeria. Deslocamentos, dirigido e concebido pela coreógrafa e dançarina Marta Soares, é apresentado nos lugares mais inusitados da Casa Modernista. De sexta a domingo, entre 17h e 20h, quem passeia pelo endereço, que é uma mistura de parque e museu, depara-se com corpos que, a cada 30 minutos, repetem uma série de movimentos lentos e com uma dose de improvisação.
Duplas de bailarinos, além de um independente, vestem um figurino maleável, semelhante à pele. Cotovelos e joelhos se misturam em uma coreografia que confunde o espectador. “Trabalhamos com a ideia de acoplar dois corpos que geram um híbrido, não classificável e não categorizável. É uma resistência às organizações que o mundo impõe ao corpo, de gênero, raça, minoria etc.”, explicou Marta.
A artista já havia trabalhado com essas roupas, mas foi no atual projeto que ela “radicalizou”, como definiu. “Elas eram usadas em palco italiano e eu tinha a sensação que essas figuras sem forma estavam muito frontais e deveria haver a possibilidade de serem vistas em 360 graus”. Em Deslocamentos, isso é possível. Durante as três horas de apresentação, o público fica totalmente livre para passear pelo espaço e assistir da forma e da posição que quiser.
A entrada é feita pelo sobrado, considerado a primeira obra de arquitetura moderna implantada no Brasil. Logo da porta, já é possível avistar a primeira instalação de bailarinos, no canto do salão principal, próximo a uma janela. Ainda há duplas na dispensa e no andar de cima, onde os artistas ocupam um espaço entre o corredor e várias portas. Dali também é possível acompanhar a performance na piscina vazia, que fica embaixo.
Assinada por Lívio Tragtenberg, a trilha sonora apresenta sons nada musicais. No jardim, o barulho que chega até a ser um pouco incômodo contrasta com o canto dos pássaros. Na área verde encontra-se uma instalação diferente das outras. Dois bailarinos são manipulados por outro par de artistas, como que moldando uma escultura.
Sobre o local escolhido para a encenação, Marta esclarece: “Achamos bom que não seja um ponto tão famoso de São Paulo, até para trazer pessoas. Queríamos ocupar um espaço onde o corpo pudesse se transformar em relação a ele. A Casa Modernista, além de linda, mostra esse contraste entre a arquitetura construtivista e esses corpos desconstruídos”.
Deslocamentos segue em cartaz até este domingo (23). Em caso de chuva, as coreografias externas são realizadas em espaços dentro da casa.
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