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OLÁ,

Como Marta Rodrigues, com a Fábula, revoluciona a moda para crianças

Conheça a história da diretora criativa da marca infantil, que comemora 15 anos de coleções criadas com pesquisas culturais pelos quatro cantos do mundo

Por Tomás Novaes
9 Maio 2024, 21h00
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Marta Rodrigues, diretora criativa da Fábula: um novo olhar sobre a moda para crianças (Catarina Ribeiro/Divulgação)
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“Brincar é urgente”, diz Marta Rodrigues, 50, ao falar sobre o grande tema do seu trabalho como diretora criativa da marca Fábula: a infância.

Para criar as coleções supercoloridas da vertente infantil da Farm, que veste as crianças da capa desta edição de VEJA SÃO PAULO, ela viaja de Belém ao Vietnã para buscar referências repletas de cultura dos lugares. A intenção é “despertar a criança que está dentro de todo mundo”, sem apelar para desenhos infantilizados.

O capricho estético vem de família para a carioca, filha de pai arquiteto, Luiz Carlos Neves — “conhecido por ter um dos desenhos à mão livre mais bonitos”, diz —, e mãe atriz, Márcia Rodrigues, expoente do Cinema Novo.

Mas a influência mais direta na sua carreira foi sua avó materna, Maria. “Ela tinha talento artístico e gostava de bordar as minhas roupas de criança. Mas não eram florzinhas; ela fazia formigas subindo pelo ombro e depois perguntava se eu tinha enganado as crianças na escola (risos)”, relembra.

Um ponto de virada na vida de Marta foi justamente a maternidade. Tudo mudou aos 25 anos, quando já era mãe de três filhos, João, Rosa e Antonio. “Comecei a repensar o que eu ia fazer e, por acaso, acabei criando roupas para eles, e ficaram muito legais. Vi que aquilo me dava um prazer enorme. Eu não tinha uma marca infantil como referência na época, então entendi que teria de inventá-la”, conta.

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Ao mesmo tempo, Marcello Bastos e Kátia Barros, fundadores da Farm, esboçavam a entrada da marca no mundo infantil e procuravam alguém para dirigir o projeto. Desse encontro nasceu, em 2008, a Fábula, agora celebrando 15 anos.

“A filha da Kátia, a Manu, foi a primeira inspiração para essa ideia. Depois, quando nasceu o Bento, filho do Marcello, criamos a linha para meninos. E os meus três também são referências para tudo que fazemos”, diz a diretora criativa.

Desde o começo, o intuito foi criar algo independente e original, sem cair em clichês da moda infantil, como o uso frequente do rosa e do azul. “Todo mundo sabia que, se fizéssemos roupinhas de criança com estampas da Farm, seria um sucesso estrondoso. Mas optamos por criar uma coisa completamente nova, com outra estrutura.”

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Hoje, a marca tem dezoito lojas próprias e mais de 500 pontos de venda em multimarcas — e acaba de lançar sua primeira coleção no exterior (na Europa e nos Estados Unidos).

A trajetória pessoal de Marta como mãe é também a história da Fábula. “Ser mãe muito cedo é uma eterna improvisação. Quis viver aquele momento com muita dedicação e intensidade, então tinha que inventar alguma coisa para fazer em casa, para não perder esse contato na primeira infância”, conta.

Além do universo familiar, as inspirações para as coleções se espalham pelo globo. Senegal, Mali, Vietnã, Tailândia, Bali, Japão, México e Guatemala estão entre os destinos que ela visitou para buscar novas cores, texturas e conceitos.

“Digo que é o meu forte na moda: a pesquisa. Tem sempre essa construção que vai para além da roupa, em que costuramos relações na cidade, com os protagonistas daquela cultura.”

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A próxima coleção, Caxixi, é resultado da vivência em Maragogipinho, no Recôncavo Baiano. O título é inspirado em miniaturas de barro tradicionais da região e parte das estampas que trazem desenhos da ceramista Dona Zelita.

“Quando vamos a algum lugar, procuramos trabalhar com equipe 100% local. Quem melhor que eles mesmos para contar essas histórias?”, questiona.

Essas viagens serão o tema do próximo projeto pessoal de Marta, com lançamento previsto para este ano: a revista digital Muamba. “É um diário visual, do qual também pretendo fazer uma edição impressa. São vários volumes, com todos os registros dessas andanças pela América Latina, Ásia, África”, adianta.

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E criar moda infantil, de alguma forma, também lhe faz sentir um pouco criança? Ela responde: “Trabalhar nesse universo faz um bem danado. Tem aquela brincadeira: adulto adultera, criança cria (risos). Queremos é resgatar sempre esse imaginário brasileiro da infância livre, em contato com a natureza”. Sem dúvida, um caminho fabuloso! ■

Publicado em VEJA São Paulo de 10 de maio de 2024, edição nº 2892

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