Três perguntas para Marieta Severo
Há treze anos no papel de dona Nenê, do seriado <em>A Grande Família</em>, a atriz surge no cinema como uma dondoca falida em <em>Vendo ou Alugo</em>
O que mais a atraiu na comédia Vendo ou Alugo? Gosto de como o roteiro aborda situações atuais do Rio de Janeiro com um olhar irreverente. Os personagens são irresponsáveis, mas não há julgamento moral. E existe um clima de muita incorreção política, que eu adoro. A diretora Betse de Paula mistura as classes sociais, coloca a favela invadindo as casas e, assim, cria um contundente painel carioca.
Como foi interpretar uma personagem oposta à dona Nenê? Acho interessante o público ver a mesma atriz em papéis tão distintos. São mulheres da mesma geração completamente diferentes. A Maria Alice fez parte da aristocracia carioca e agora é falida, uma dondoca desbundada, que foi meio hippie. Nada deu muito certo na vida dela, mas, mesmo assim, toca o cotidiano com animação.
Já bateu cansaço de fazer A Grande Família? Em treze anos de programa, felizmente, conseguimos não ter uma relação burocrática com os personagens. A maior prova disso é que, em 2013, a linguagem do seriado foi reinventada. Não existe acomodação. Se eu tivesse feito só a Nenê nesse tempo, aí, sim, seria um sufoco artístico. Mas interpretei outros papéis no palco e abri dois teatros. Por parte da Rede Globo e de muitos criadores, A Grande Família continuaria. Mas existe uma vontade do elenco de parar no ano que vem. Estamos conversando e espero que isso se concretize.