Marieta Severo chama ação da GCM no Teatro de Contêiner de “tempos de ditadura”
Atriz postou vídeo mostrando indignação com a situação em que o lugar se encontra por conta de despejo

A atriz Marieta Severo fez críticas à atuação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) contra integrantes do Teatro de Contêiner e da ONG Tem Sentimento, na terça-feira (19). Agentes entraram no prédio ocupado pela ONG, que fica no terreno do teatro, e usaram spray de pimenta e para retirar os ocupantes do local.
A ação, registrada por testemunhas, provocou a reação da atriz, que fez um vídeo publicado nas redes sociais onde classificou a abordagem como “lamentável” e comparou o episódio aos anos de ditadura militar.
“Me remeteu aos piores tempos de uma ditadura, que eu vivi, onde os teatros eram invadidos, onde os atores eram ameaçados. Quero deixar aqui a minha tristeza profunda por esse momento e a minha esperança de que isso não aconteça mais no Brasil”, declarou.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) cobrou explicações do prefeito Ricardo Nunes sobre a conduta da GCM. O ofício, assinado pelo promotor Paulo Destro, questiona quem autorizou o uso de spray de pimenta, agressões físicas e ameaças com armas letais, e se houve respaldo em mandado judicial ou ordem administrativa para a operação.
Além de Nunes, Totó Parente (Secretário Municipal de Cultura e Economia Criativa), Regina Célia da Silveira Santana (Secretária Municipal de Direitos Humanos e Cidadania) e Marcelo Vieira Salles (Subprefeito da Sé) deverão comparecer a reunião com o MP no dia 8 de setembro, para apuração sobre “violação dos princípios constitucionais e abuso de poder de agentes públicos”.
O MP-SP também instaurou um inquérito civil para apurar eventual improbidade administrativa na decisão da prefeitura.
A prefeitura, em nota, justificou a ação da GCM afirmando que a recusa em desocupar um imóvel ao lado do teatro “tornou necessária a intervenção”.
Por nota, a prefeitura informou que ofereceu “três alternativas de terrenos para os representantes do Teatro de Contêiner, sendo que o mais recente deles com 687 m2 na Rua João Passalaqua, altura do número 140, na esquina com o Viaduto Júlio de Mesquita, no Bixiga, uma região repleta de teatros e restaurantes”.
A prefeitura informou que tem o registro de dois pedidos formalizados pela companhia teatral que foram negados por pertencerem ao Estado, sendo um deles cedido à CDHU para a construção de moradias populares e o outro área operacional da CPTM. Além disso, o Município já repassou ao equipamento mais de R$ 2,5 milhões em apoio.
Despejo
O Teatro de Contêiner, considerado referência cultural em São Paulo, recebeu em 6 de agosto nova notificação para desocupar o espaço, com prazo até esta quinta-feira (21). A companhia, no entanto, afirma manter programação de espetáculos até dezembro, incluindo atividades financiadas pelo próprio município, dentro do Programa Municipal de Fomento ao Teatro.