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Mapas mostram achados pré-coloniais na capital e no estado de São Paulo

Ilustrações elaboradas por arquiteta mostram achados que são anteriores à ocupação europeia

Por Guilherme Queiroz
19 jan 2024, 06h00
Imagem mostra desenho de urna funerária e de dois indígenas trabalhando em itens de cerâmica, assim como tatus, peixes e outros animais
Ilustrações de Maria Frizarin para os mapas que mostram achados arqueológicos na cidade e no estado (Ilustração de Maria Aparecida Frizarin Cipriano/Divulgação)
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O patrimônio histórico está logo abaixo dos nossos pés. De olho nos vestígios dos povos originários que habitavam a nossa cidade e o nosso estado muito antes de se chamarem São Paulo, a arquiteta e ilustradora Maria Frizarin Cipriano, 32, elaborou mapas que mostram de maneira didática os vestígios deixados pelas civilizações no território.

“É uma tentativa de fazer com que as pessoas valorizem mais esse patrimônio”, conta Maria, que trabalha em museus e em escavações. Ela começou a elaborar o mapa da cidade no ano passado e construiu o do estado em 2017, quando concluiu a graduação em arquitetura.

Natural de Santo Anastácio, atualmente vive na capital paulista e antes atuava no Laboratório de Arqueologia Guarani da Unesp, em Presidente Prudente. Para a ilustração paulistana, Maria se debruçou sobre os dados disponíveis no GeoSampa, mapa digital da cidade elaborado pela prefeitura, que contabiliza 84 endereços com artefatos históricos.

O enfoque ficou em quinze sítios e ocorrências arqueológicas pré-coloniais. Um dos destaques da ilustração é a urna funerária indígena do Brás, encontrada em 1896 durante a escavação de uma cova onde hoje fica o Cemitério da Quarta Parada.

Imagem mostra mapa da cidade com 15 pontos pintados que mostram a ocorrência de artefatos arqueológicos e desenhos de urna funerária, animais e indígenas
Mapa da capital paulista elaborado por Maria Frizarin (Ilustração de Maria Aparecida Frizarin Cipriano/Divulgação)
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“Na cidade temos sítios de 3 500 anos atrás”, explica Paula Nishida, 53, supervisora do Centro de Arqueologia da prefeitura. Ela se refere ao sítio do Morumbi, que fica atrás do atual Clube Paineiras. O local era usado como uma espécie de oficina para a elaboração de itens como pontas de flechas.

Na ilustração estadual, o foco são gravuras e pinturas rupestres, como o desenho visto na cidade de Narandiba, na ponta esquerda, com figuras que acreditam terem sido elaboradas pelos povos kaingang. “Eles trabalham muito com círculos e pontos”, explica a coordenadora do Laboratório de Arqueologia Guarani da Unesp, Neide Faccio, 58. O achado fica às margens de um córrego. “É sempre mais provável encontrar um sítio arqueológico perto de rios, como os casos nos rios Paraná, Paranapanema, Grande e Tietê”, conta Neide.

Imagem mostra mapa do estado de São Paulo com desenhos rupestres sobrepostos em cima de área de municípios onde foram encontrados os sítios arqueológicos
A versão estadual da ilustração (Ilustração de Maria Aparecida Frizarin Cipriano/Divulgação)
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São 26 sítios estaduais na ilustração, sendo que alguns municípios, como Itapeva, chegam a registrar quatro locais de incidência de arte rupestre. Na capital, deve subir o número de descobertas em breve. “Foram encontrados sítios nas obras da Linha 6-Laranja”, diz Paula Nishida. ■

Bases de dados utilizadas para os mapas: GeoSampa, SICG — Iphan, Luana Antoneto Alberto (MAE-USP), Renato Silva Mangueira (MAE-USP), Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo e jornal Correio Paulistano (1920 a 1929)

Publicado em VEJA São Paulo de 19 de janeiro de 2024, edição nº 2876

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