Quando Lara, na época com 4 anos, mudou para uma escola que não oferecia alimentação, Larissa Bizutti, 37, começou a preparar as lancheiras criativas para a filha. “Eu sempre gostei de cozinhar e, mesmo nos almoços e jantares, montava pratos lúdicos”, diz a dona de casa, que abandonou o trabalho como assistente social e hoje cursa gastronomia, na Le Cordon Bleu, em São Paulo.
Foi durante a pandemia que as postagens antes restritas a familiares e amigos viraram fonte de motivação para outras mães. Em seu perfil do Instagram (@laribizutti), ela compartilha as lancheiras coloridas que levam frutas, pães e outras receitas caseiras saudáveis, cortados em formatos de bichinho e florzinha e decorados com palitinhos e acessórios, no estilo dos bentôs, as marmitas comuns no Japão. Hoje com duas filhas — Lia, a caçula, nasceu em 2018 —, ela acredita que esse também é um modo de se conectar com as meninas. “Quero que elas tenham memórias afetivas, seja nos meus lanches, seja nos bilhetinhos que deixo junto.”
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Para Carolina Godinho, 43, o hobby virou um empreendimento. Ela vende itens para a customização de lancheiras infantis na loja virtual Lanchinhos (@lojalanchinhos). “Muitas mães me procuravam pedindo indicações de locais para comprar, pois nas suas cidades não tinha”, explica a empresária. É no perfil de mesmo nome (@lanchinhos) que ela posta as refeições do dia a dia de Kenji, 11, e Koji, 9, que, apesar da idade, adoram levar as lancheiras para o recreio. “Às vezes, com 6 anos, as crianças já acham que é ‘coisa de bebê’, então eu tenho opções para os mais novinhos e para os adolescentes, que preferem estampas lisas e neutras.”
Além de ser um gesto de carinho, as lancheirinhas podem auxiliar na educação alimentar dos pequenos. Tarcila Ferraz de Campos, nutricionista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explica que uma refeição balanceada deve conter os três grupos fundamentais: frutas e legumes, carboidratos e proteínas. “Tivemos um boom das cantinas na alimentação escolar, que muitas vezes fornecem opções industrializadas. Essa ideia de levar seu próprio lanche mostra à criança que é mais interessante uma comida saudável preparada em casa do que aquela que vem dentro de um pacote”, explica a especialista.
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Publicado em VEJA São Paulo de 27 de abril de 2022, edição nº 2786