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Liceu de Artes e Ofícios celebra 150 anos com mostra sobre Brecheret

A exposição gratuita "Victor Brecheret: o Mestre das Formas" abre neste sábado (20) e homenageia o ilustre ex-aluno da instituição

Por Mattheus Goto
19 Maio 2023, 06h00
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  • Em 1873, um grupo de aristocratas da elite cafeeira paulista se juntou com o objetivo de formar mão de obra especializada para a indústria. Liderados pelo advogado Carlos Leôncio da Silva Carvalho, eles fundaram a Sociedade Propagadora da Instrução Popular, que ministrava “gratuitamente ao povo os conhecimentos necessários às artes e ofícios”.

    Nove anos depois, a organização passou por uma reforma curricular, adquiriu o perfil de escola profissionalizante e adotou um novo nome — como a conhecemos até hoje: Liceu de Artes e Ofícios. Em 2023, a instituição celebra 150 anos de história com a façanha de ter formado grandes nomes da arte brasileira.

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    Para a ocasião, organizou uma exposição com um de seus ex-alunos ilustres, Victor Brecheret. Gratuita, a mostra Victor Brecheret: o Mestre das Formas, realizada em parceria com o instituto que leva o nome do escultor, abre no sábado (20) e fica em cartaz até 12 de agosto no primeiro pavimento do Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (de terça a sábado, das 12h às 17h).

    A curadoria é de Fernanda Carvalho, com colaboração de Ana Paula Brecheret, neta do artista. A exposição reúne catorze obras de coleção particular datadas entre os anos 1910 e 1950. Em um percurso com seis núcleos, de diferentes perspectivas de seu trabalho, o objetivo é discutir a escala de suas obras, que transitam das menores às maiores proporções.

    “Ele era um trabalhador incansável, conseguia passar dias e dias trabalhando em granito, mas também fazia peças pequenas, com delicadeza”, comenta Fernanda.

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    Uma das obras presentes na exposição é 'Pietá', de 1912, uma escultura em madeira realizada no Liceu, a primeira de Brecheret de que se tem registro
    Uma das obras presentes na exposição é ‘Pietá’, de 1912, uma escultura em madeira realizada no Liceu, a primeira de Brecheret de que se tem registro (Instituto Victor Brecheret/Divulgação)
    O Beijo (década de 1920), de Victor Brecheret, em bronze
    O Beijo (década de 1920), de Victor Brecheret, em bronze (Instituto Victor Brecheret/Divulgação)

    Segundo a curadora, um dos espaços foi reservado para criar um “caleidoscópio urbano” e mapear onde estão as obras de Brecheret e o Liceu em São Paulo. “A cidade absorve os dois, embora eles sejam às vezes invisíveis. Tem obras lá no Largo do Arouche, como a do Brecheret, que ninguém mais comenta, mas eram o orgulho da cidade nos anos 40 e 50. Hoje em dia é depredado.”

    Nascido na Itália, Victor Brecheret veio com 10 anos de idade para São Paulo morar com a tia. Passou alguns anos trabalhando com conserto de sapatos.

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    Percebeu que queria trabalhar com arte aos 15 anos, após ver em um jornal a foto de uma escultura do francês Auguste Rodin. Foi levado pela tia até o Liceu, que logo notou seu potencial. “Os professores do Liceu incentivaram a tia dele a enviá-lo para a Europa, pois ele tinha mais a aprender”, conta sua neta Ana Paula. “Se não fossem esses professores, ele não teria ido.”

    Responsável por desenvolver projetos para manter a memória do avô viva, ela explica que o Instituto Victor Brecheret tem o plano de tornar o escultor ítalo-brasileiro conhecido em outros lugares do Brasil, para além de São Paulo. Por isso, vão realizar uma exposição em Belo Horizonte nos próximos meses e em Belém e São Luís no ano que vem.

    Liceu de Artes e Ofícios
    UMA INSTITUIÇÃO HISTÓRICA: Em seus primeiros anos, o Liceu ofereceu cursos de caligrafia, gramática e aritmética. Passou por duas amplas reformas, uma em 1882 e outra em 1885, dirigida pelo engenheiro Ramos de Azevedo, que reforçou as “artes e ofícios” no intuito de criar uma “futura Escola de Belas Artes de São Paulo” (CCLAO/Divulgação)
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    Enquanto isso, o Liceu “busca seguir atuando na construção contínua da dignidade dos cidadãos e da identidade nacional, por meio da educação e da cultura”, como afirma a diretora institucional Patrícia Loureiro Marques Macedo. Para o segundo semestre, a instituição está trabalhando em uma nova exposição, com curadoria de Guilherme Wisnik, em continuidade ao programa comemorativo.

    Atualmente, o Liceu tem cerca de 450 alunos, no ensino médio e técnico (automação industrial e multimídia).

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