Aos 35 anos, o atleta e técnico Leandro Ribela conquistou sete campeonatos brasileiros de esqui, sagrou-se campeão sul-americano e chegou a representar o país nos dois últimos Jogos Olímpicos de Inverno. Em 2012, decidiu espalhar o conhecimento no esporte e ajudar crianças e adolescentes debaixa renda. Um dos obstáculos era despertar o interesse dos jovens por uma atividade incomum, ainda mais em um país onde não neva.
A solução veio ao utilizar equipamentos com rodas capazes de vencer até o mais duro asfalto (eles são semelhantes aos que Ribela usa para treinar na cidade atletas profissionais, que passam apenas parte do ano em cordilheiras glaciais). Desde então, a ONG Ski na Rua desenvolveu o talento de cerca de noventa esportistas mirins.
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A proposta não é só ensiná-los a deslizar por aí. Os alunos recebem cuidados dentários e têm a oportunidadede estudar espanhol gratuitamente na Universidade de São Paulo. O treinamento, aliás, é realizado nas ladeiras do câmpus. Devido à localização, grande parte dos alunos vem do Jardim São Remo, favela vizinha à Cidade Universitária.
“Recebemos o apoio de 35 doadores para financiar o projeto”, enumera. “Os trinta aparelhos usados pelo grupo, por exemplo, foram uma oferta da marca Rollerski.” Se tivesse de pagar por eles, precisaria desembolsar cerca de 1 500 reais por cada um. O dinheiro arrecadado banca ainda as viagens dos atletas às montanhas geladas. Caio Santos, de 19 anos, participa dos treinos há três anos, e conta que conheceu nações como Suécia, Bielorrússia, Áustria e Eslovênia.
“Hoje falo bem inglês e espanhol e carrego uma cultura que mudou a minha vida”, afirma. Participante de torneios internacionais, o rapaz sonha disputar a Olimpíada. “Ensinamos que não há limites para quem se desafia a fazer o que gosta”, relata Ribela. O estudante Gustavo Sousa, 17, que o diga. Portador de uma doença congênita, ele não tem a perna direita mas não deixa passar nenhum treino.”Qualquer um pode praticar se houver alguém disposto a ensinar.”