Delicadeza e curiosidades: o livro que reúne janelas clássicas da cidade
A autora Nara Rosetto retrata os elementos de vinte endereços tombados pelo patrimônio histórico
Com madeira, tijolos, vidro e aço, o livro Janelas de SP conta a história dos edifícios da capital pelos elementos arquitetônicos que conectam uma construção ao restante da cidade. A segunda edição do projeto, lançada neste mês, reúne ilustrações das janelas de vinte endereços tombados pelo patrimônio histórico. Cada desenho é acompanhado de um texto com a linha do tempo do prédio em questão.
A obra faz um percurso entre 1622 e 1941, com imóveis espalhados por quinze bairros. “O Janelas aproxima as pessoas do patrimônio, um assunto que por vezes pode ter uma linguagem complicada”, explica Nara Rosetto, a autora. A arquiteta lançou a primeira edição em 2017 e desta vez contou com recursos de um edital do Proac, do governo paulista.
Além da Casa das Caldeiras, Casa do Regente Feijó e Cinemateca (abaixo), na obra completa, que é vendida na Banca Tatuí ou na Livraria Ponta de Lança, o leitor conhece mais sobre a história e, claro, as janelas do Antigo Mercado de Santo Amaro, do Palácio dos Campos Elíseos e do Instituto Butantan. Custa 45 reais. “A tiragem foi de 500 livros, sendo que 10% foram doados para bibliotecas públicas”, explica Nara, que nas últimas semanas se mudou para Portugal.
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Casa das Caldeiras
Erguida em 1920 na Barra Funda, é a única construção remanescente do complexo das Indústrias Matarazzo. No século passado, era responsável por produzir a energia das fábricas que funcionavam na região. Desde 1999, após restauro, é equipamento cultural.
Cinemateca Brasileira
Funcionou como matadouro municipal de São Paulo até 1927. Erguida em 1887, foi doada em 1988 por Jânio Quadros para se tornar o lar do acervo do cinema brasileiro. Foi inaugurada como cinemateca em 1992, após reforma e restauro.
Casa do Regente Feijó
De 1698, a antiga casa bandeirista no Jardim Anália Franco foi lar do padre Diogo Antônio Feijó, que governou o Brasil durante a menoridade de dom Pedro II, entre 1835 e 1837. O mesmo lugar foi sede da Associação Feminina Beneficente e Instrutiva, da filantropa Anália Franco, no início do século XX.
Nara Rosetto
A paulistana largou os escritórios de arquitetura para trabalhar com arte, um ano depois de lançar o primeiro Janelas de SP. Em 2018, foi diagnosticada com fibromialgia. “Minha pesquisa de mestrado é sobre dor, corpo feminino e processo criativo”, diz ela, que estuda na Universidade do Porto com a ajuda de um financiamento coletivo
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Publicado em VEJA São Paulo de 29 de setembro de 2021, edição nº 2757