Em maio, a arrojada Japan House abriu as portas para fazer companhia ao Masp, à Casa das Rosas e ao Centro Cultural Fiesp. Na quarta 20, a Avenida Paulista ganhará mais um importante endereço dedicado à arte: a nova filial do Instituto Moreira Salles — o prédio de número 2424 foi erguido ao longo dos últimos quatro anos.
Orçado em 150 milhões de reais, o projeto em nada lembra o antigo ponto da Rua Piauí, em Higienópolis, ocupado pelo IMS de 1996 até dezembro do ano passado. Antes da mudança, a entidade especializada em fotografia preocupava-se em escolher coleções que coubessem em seus 450 metros quadrados.
Em paralelo, fechava parcerias com outros centros, a exemplo da Pinacoteca, para realizar exposições maiores. Agora, esbanja 6 000 metros quadrados de área construída. “É um dos lugares mais bem servidos de transporte público na cidade”, comemora Lorenzo Mammì, coordenador da programação. Esse terreno abrigou o Itaú Cultural (hoje também na avenida) de 1989 a 1995 e, depois, um estacionamento.
Quem assina o projeto do espigão de nove andares é o escritório Andrade Morettin, selecionado em 2011 por meio de um júri internacional composto de seis profissionais da área, entre eles um membro do Prêmio Pritzker, considerado o Nobel da arquitetura. “Enfrentamos um grande desafio para projetar um museu vertical”, afirma Vinícius Andrade, um dos responsáveis pela obra.
A entrada oficial fica no 5º pavimento. “Os visitantes chegam à recepção pelas escadas rolantes. A partir daí, seguem para cima ou para baixo”, explica Andrade. De vidro, a fachada deixa à mostra parte do interior do prédio, efeito parecido com o visto no Sesc Paulista, ali nos arredores, em reforma desde 2010 e com reabertura prevista para o primeiro semestre do ano que vem.
Dividem-se pelos andares três salas de exposição, um cineteatro para 150 pessoas, um espaço de estudos e três salas de aula para palestras e cursos. Há ainda uma biblioteca dedicada à fotografia com capacidade para 30 000 itens (só é possível consultar as obras, sem retirá-las de lá).
O maior acervo da entidade, composto de 2 milhões de imagens, 26 000 discos e 10 000 gravuras, continua na Gávea, em uma casa modernista que desde 1999 serve de sede à instituição no Rio de Janeiro — parte dele, entretanto, deve ser exposta periodicamente por aqui.
No passado, o casarão carioca era a moradia do diplomata e banqueiro Walther Moreira Salles, do Unibanco, o atual Itaú Unibanco. Antes de sua morte, em 2001, ele lançou a organização sem fins lucrativos que leva o nome de sua família, uma das mais ricas do país, em 1992, com o intuito de promover a cultura. O clã se vê bastante envolvido com o tema. Os filhos Walter e João, por exemplo, são cineasta e documentarista, respectivamente.
O edifício da Paulista conta também com um café, no 5º piso, e um restaurante, no térreo, ambos comandados por Rodrigo Oliveira, do Mocotó. Batizados de Balaio, oferecem um cardápio sazonal. “Daremos preferência a ingredientes brasileiros, como tucupi de Belém e ostras do Sul”, diz o chef. Ele revela ter sido convidado pessoalmente para a empreitada pelo cliente e amigo Pedro Moreira Salles, diretor presidente do conselho de administração do Itaú Unibanco. O ticket médio no local deve variar de 90 a 130 reais.
A grade de programação do instituto está completa até 2019. Estreia a agenda o suíço Robert Frank, com a série fotográfica Os Americanos, realizada nos anos 1950, além de filmes e livros desenvolvidos pelo artista junto ao editor alemão Gerhard Steidl.
O americano Christian Marclay trará a videoinstalação The Clock, com 24 horas de duração. Para que os frequentadores vejam a obra completa, a sala ficará aberta durante as madrugadas de sábado para domingo até 19 de novembro. O museu espera receber cerca de 100 000 pessoas no primeiro mês. E o melhor: a entrada é gratuita.
Instituto Moreira Salles. Avenida Paulista, 2424, Bela Vista, ☎ 2842-9120, metrô Consolação. 10h/20h (qui. até 22h; fecha seg.).