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Influenciadores surdos usam redes sociais para entreter e reivindicar igualdade

Um dos nomes é Gabriel Isaac, 24, que traduziu para Libras hits da cantora Anitta em um trio elétrico

Por Maria Alice Prado
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h08 - Publicado em 4 jun 2021, 06h00
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  • O influenciador digital Gabriel Isaac é enfático ao manifestar que a sociedade brasileira não é preparada para receber os surdos. Em tempos pandêmicos em que grandes fontes de entretenimento são fruto de conteúdo audiovisual sem tradução para a língua de sinais — lives em redes sociais, músicas, televisão… —, a reivindicação do jovem se evidencia.

    De acordo com o IBGE, cerca de 2,7 milhões de pessoas possuem surdez profunda no Brasil — algumas dessas estão se destacando na internet em busca de equidade. Conheça as histórias de jovens surdos que fazem das suas plataformas digitais palco de entretenimento, divulgação de projetos sociais e representatividade para os não ouvintes.

    EM TODO LUGAR

    A gaúcha Betina Körbes, 32, se mudou para a capital paulista em busca de trabalhos no mundo da moda. Além de surda, é modelo plus size. Já fotografou para marcas como Renner e Hope e estampou páginas da revista CLAUDIA. No Instagram (@bekorbes), com quase 10 000 seguidores, transmite a importância da aceitação e é referência para outras jovens.

    Mulher ruiva está de maiô sorrindo com cabelos ao vento. Ao fundo, o mar
    Betina Körbes: gaúcha é modelo plus size e surda (Renam Christofoletti/Divulgação)

    A MÚSICA VIBRA

    Gabriel Isaac, 24, sabia que comentários como “Carnaval não combina com gente surda” não passavam de falácias. Seu trabalho com música para não ouvintes na internet abriu portas para que ele fosse convidado para dançar no trio elétrico de Anitta enquanto traduzia hits da cantora para Libras, em 2019. Ele acumula mais de 66 000 seguidores no Instagram (@isflocos) com conteúdos sobre música, direitos e educação para os surdos.

    PERFORMAR E RESISTIR

    Leo Castilho, 33, é performer, poeta, produtor, influenciador digital e educador de arte do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Começou na internet divulgando festas e eventos que organizava para pessoas surdas. Além de usar seu Instagram (@ leocastilho) — com mais de 43 000 seguidores — para lutar por acessibilidade, representatividade negra e LGBTQIA+ e autoestima para surdos, faz da plataforma um palco para espalhar seu nome — um dia quer realizar o sonho de atuar em uma novela.

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    Homem negro com cabelos cacheados olha para a câmera sorrindo. Usa blusa transparente com estrelas
    Leo Castilho: influenciador paulistano e artista (Arquivo pessoal/Divulgação)

    CONHECIMENTO É PODER

    “As mídias digitais ajudaram muito na nossa visibilidade para termos mais respeito”, aponta Roberto Castejon, 26, designer gráfico e influenciador digital surdo. Com foco na produção de vídeos adaptados para não ouvintes, em animações divertidas, o jovem luta pela inclusão dos surdos na sociedade por meio do conhecimento. São vídeos de história, curiosidades e teorias científicas, como sobre Adolf Hitler e a ditadura militar, que somam quase 500 000 visualizações no seu canal do YouTube.

    Homem posa em um prédio bem alto que ao funda dá para ver todo uma cidade. Ele está com roupas de frio
    Roberto Castejon: YouTuber cria conteúdos com acessibilidade sobre história (Arquivo pessoal/Divulgação)

    A ARTE DE SONHAR

    “Eu assistia às performances de drag queens e adorava, mas, como sou surda, não dava para fazer show”, conta Kitana Dreams, que conquistou o sonho de fazer parte da arte por meio do seu canal do YouTube. Maquiadora autodidata, a drag queen passou a se montar para gravar vídeos de tutoriais, produtos de beleza, compras e desafios. Kitana ainda usa sua plataforma para disseminar a inclusão de pessoas com deficiência. Seu vídeo Gírias LGBT em LIBRAS já passa de 50 000 visualizações.

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    Drag queen posa montada com peruca, vestidos e acessórios rosa. Está com as mãos no queixo e fazendo bico com a boca
    Kitana Dreams: drag queen fala sobre maquiagem e beleza (Arquivo pessoal/Divulgação)

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    Publicado em VEJA São Paulo de 09 de junho de 2021, edição nº 2741

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