O alimento e a música são dois pilares da vida para Heloisa Guarita, 51, desde sempre.
Nos últimos dois anos, a empresária paulistana, à frente da RG Think Food, empresa de consultoria para a indústria alimentícia, uniu esses dois universos em sua carreira e se tornou investidora do Prêmio da Música Brasileira, criado e comandado por Zé Maurício Machline desde 1987 — e que, a partir dessa parceria, ganhou um novo capítulo em sua história.
Nutricionista de formação, Heloisa trocou a rotina de atendimentos pela consultoria após se tornar mãe, fundando a sua empresa. “Hoje, a RG é um guarda-chuva maior, com um pilar de consultoria em estratégia e inovação, para a indústria de alimentos, e outro de investimentos em novos negócios dentro do food system”, explica a CEO, que também é sócia de um restaurante em São Paulo, o Just a Bite, no Itaim Bibi.
“Minha filha, eu e mais uma amiga abrimos no segundo semestre do ano passado, com o conceito de pequenas porções, para qualquer hora do dia”, conta.
A relação da empresária com a música, sobretudo a brasileira, veio de casa. “Sempre um ponto forte na família. Meu pai era louco por escola de samba, e minha mãe curtia mais Rita Lee, rock. Em fases da minha vida, meu cartão de crédito só tinha shows (risos)”, diz.
Mas a aproximação profissional com esse mundo só aconteceu durante a pandemia. “Me veio essa vontade de estar mais perto disso, e tive a oportunidade de encontrar o Zé Maurício. Pensei que poderia acrescentar algo, para continuar o seu incentivo à música brasileira”, conta.
O idealizador agradece o encontro — e seus frutos. “A Helô é uma parceira que conheci por um mero acaso e que entrou na minha vida profissional e pessoal. Ela tem uma compreensão muito significativa de tudo aquilo que a nossa empresa representa”, diz Machline.
Em 2023, após um hiato de quatro anos, o prêmio voltou a acontecer, graças a essa parceria, e com novidades. Algumas categorias tiveram os seus nomes reformulados — como “cantor” e “cantora”, unificadas em “intérprete” —, e o prêmio passou a ser pensado para o ano inteiro e não como uma celebração de uma só noite.
“Estamos construindo algo com uma durabilidade contínua, com produtos e possibilidades de engajamento e patrocínio durante doze meses”, explica Heloisa. De um ano para cá, por exemplo, foram lançados dois documentários com artistas locais da Bahia e de Pernambuco, além de novas edições do programa de entrevistas Por Acaso, apresentado por Machline.
Também foi criada a Academia da Música Brasileira, um grupo de profissionais em destaque de diferentes setores do mercado, dispostos a pensar em caminhos de crescimento para a indústria fonográfica.
Além disso, a identidade visual do prêmio foi toda redesenhada. “Essa nova forma de comunicação também veio da Luisa Annik, filha do Zé. E temos a Giovanna Machline, sua irmã, que agora trabalha conosco. O prêmio precisa de uma geração jovem olhando para ele”, diz Heloisa.
A 31a cerimônia acontece na quarta (12), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com apresentação de Regina Casé e homenagem a ninguém menos que Tim Maia (1942-1998).
“Ele tem uma obra que vem ultrapassando gerações, com uma responsabilidade enorme pela solidificação da música preta no Brasil. Além de um hitmaker, é uma das nossas maiores vozes”, destaca Zé Maurício.
Neste ano, foram mais de 12 000 artistas inscritos, dos quais 88 concorrem em 32 categorias. “O prêmio valoriza o novo, é um caça-talentos. E proporciona o engajamento, a oportunidade de mostrar esse profissional. O papel hoje do PMB é trazer mais oportunidades qualificadas para essa turma, e penso que isso faz muita diferença”, resume Heloisa. ■
Publicado em VEJA São Paulo de 7 de junho de 2024, edição nº 2896