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Favela do Boqueirão sedia ações em homenagem ao rapper Sabotage

Comunidade no Ipiranga, na Zona Sul, recebe centro cultural, grafites e festival com nomes como MV Bill e Sombra no line-up

Por Tomás Novaes
Atualizado em 27 Maio 2024, 21h17 - Publicado em 17 nov 2022, 20h00
Imagem mostra dois homens e uma mulher em viela de uma favela
Kaneda Asfixia, Tamires Rocha e Bux TBH: a trupe do Festival Sabotage. (Joel Silva/Veja SP)
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“Não tem mais aí, não? Para dar para os meninos todos. Até camisa do Sabotage eles têm”, gritou de sua janela uma moradora da Favela do Boqueirão, no Ipiranga, quando viu um panfleto do Festival Sabotage Vive sendo distribuído na rua.

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Todos que passavam pelos produtores do evento, os músicos Kaneda Asfixia e Bux THB, pegavam o papel e garantiam a presença no evento gratuito, que irá trazer nomes do rap nacional como MV Bill, Bivolt e Sombra para a rua ao lado da comunidade neste (19 e 20) e no próximo (26 e 27) fim de semana.

Imagem mostra paredes de favela com grafites azuis
Intervenção: artes feitas pelo coletivo Sou Favela e pelo artista Chorão. (Joel Silva/Veja SP)

Esta é só uma das ações na região em homenagem ao rapper paulistano Mauro Mateus dos Santos, o Sabotage (1973-2003), que viveu os últimos três anos de sua vida ali e celebraria seu cinquentenário em 2023. Inaugurados em setembro na viela que corta o bairro — renomeada de Viela Sabotage —, grafites de mais de vinte artistas e coletivos estampam letras de sucesso do artista, como Rap É Compromisso e Respeito É pra Quem Tem.

E, a poucas quadras dali, um centro cultural e museu está previsto para ser aberto em janeiro. Com intenção de sediar ações educativas para escolas municipais, além de abrigar itens pessoais do rapper, o complexo terá uma cozinha comunitária e um estúdio musical.

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Assassinado no auge da carreira e com somente um disco lançado em vida, o paulistano que deixou o mundo do crime para se tornar um dos rappers mais influentes do país viveu pouco tempo no bairro, mas foi o bastante para fincar suas raízes: é onde sua filha, a líder comunitária, empresária e cantora Tamires Rocha mora até hoje.

Imagem mostra ônibus grafitado em esquina de comunidade
Na esquina: local onde o palco será montado. (Joel Silva/Veja SP)

“Vai ser a primeira vez que a comunidade terá acesso aos seus ídolos. E por estar sendo na favela em que ele morou, tem muita história dele aqui. Seja a senhorinha que fez um café para ele uma vez, ou uma pessoa que ele ajudou”, conta a cantora, que, junto de seu irmão, Wanderson, busca manter vivo o legado solidário do pai. “Ele foi a primeira pessoa a ter uma iniciativa social na favela. Ele começou com um barraco de madeira, trazendo aula de axé e de capoeira. Meu pai era uma pessoa muito solidária”, conta Tamires, que se apresentará no festival no dia 26.

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O evento tem apoio da prefeitura e do governo estadual. Viela Sabotage. Rua Padre Cursino X Rua Dom Macário, Ipiranga. Sáb. (19), a partir das 14h. Dom. (20), sáb. (26) e dom. (27), a partir das 13h. Grátis. @sabotagevivefestival.

Publicado em VEJA São Paulo de 23 de novembro de 2022, edição nº 2816

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