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Exposição de Lise Grendene aborda posições da mulher na sociedade

Com quinze obras reunidas na galeria Simões de Assis até 10 de dezembro, a mostra 'Skeleton Closet' apresenta uma série de retratos femininos

Por Humberto Abdo
Atualizado em 27 Maio 2024, 21h25 - Publicado em 21 out 2022, 06h00
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  • Radicada em Londres e herdeira do ramo dos sapatos, a artista Lise Grendene acaba de inaugurar sua primeira exposição solo no Brasil. Com quinze obras reunidas na galeria Simões de Assis até 10 de dezembro, a Skeleton Closet apresenta uma série de retratos femininos que discutem temas como a mortalidade e o espaço da mulher na sociedade. “São pinturas figurativas, não realistas, baseadas em modelos que aceitaram ser pintadas por mim”, conta Lise, que assina os trabalhos como Lize Bartelli (conta que facilita a pronúncia em inglês e fica próximo ao seu outro sobrenome, Bartelle, com “e”).

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    Ela se inspira no movimento fauvista ao escolher cores quentes e formas simples para os quadros. “Todas são retratadas em um ambiente íntimo da casa, uma maneira de abordar como a mulher é domesticada no lar, e todas estão sentadas como se esperassem algo.” As interpretações e leituras sobre cada uma dessas mulheres ela prefere deixar nas mãos do público. “São os questionamentos que dão corpo ao meu trabalho e parte deles envolve a própria desigualdade no mercado da arte: nosso espaço ainda está longe de ser igual ao do homem.”

    Exposição de Lise Grendene questiona papel da mulher na sociedade.
    Exposição de Lise Grendene questiona papel da mulher na sociedade. (Lise Grendene/Divulgação)

    A trajetória como pintora é bastante recente e nasceu muitos anos após ter ingressado no teatro por incentivo da mãe e trilhar a carreira de atriz (participou, por exemplo, do longa Meu Nome Não É Johnny). “Ela me influenciou desde nova, embora eu fosse muito tímida — e para falar em público ainda sou”, pondera. “Hoje acho difícil voltar a atuar, pois me encontrei completamente na pintura. Tenho a impressão de que essa arte me dá um retorno que nada mais me dava.”

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    Apesar do contato com as artes cênicas, as artes manuais correm por boa parte das mulheres em sua família. “Minha avó materna era uma verdadeira artesã, fazia muitas coisas com as mãos, assim como minha mãe, que pintava por hobby. Além delas, tive influência da minha avó e tia paternas.”

    A obra 'Alexandra'.
    A obra ‘Alexandra’. (Lise Grendene/Divulgação)

    Após a mostra em São Paulo, ela já planeja sua próxima série de retratos, todos inspirados na mãe, a atriz e escritora Dalete Barros, falecida há dez anos. Para traduzir o “encontro” bem-sucedido com as pinceladas, Lise relembra o contato de um namorado surfista com o oceano. “Eu enxergava aquela integração dele com o mar, como se eles virassem um só e nada mais importava naquele momento”, relembra. “Sentia até um pouco de inveja porque ainda não conhecia aquela sensação… Até agora.”

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    Publicado em VEJA São Paulo de 26 de outubro de 2022, edição nº 2812

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