Estúdio da Vera Cruz tem mostra sobre a história da companhia de cinema
Evento que vai até domingo (17) em São Bernardo, exibe filmes e peças do acervo daquela que foi da Hollywood paulista
Aberta nesta quinta (14), a 1ª exposição do Estúdio e Pavilhão Vera Cruz, em comemoração ao aniversário de 70 anos da antiga companhia de cinema, que contará parte da trajetória da empresa fundada em 1949 pelo produtor italiano Franco Zampari e o industrial Francisco Matarazzo Sobrinho. Com entrada gratuita, a mostra vai até só domingo (17), aberta para o público das 14h às 21h.
Armazenados em um acervo com poucos cuidados, mais de 800 itens que contemplam os anos de glória do estúdio como figurinos, veículos, acessórios, roteiros e cartazes foram revitalizados para integrarem a exposição. Entre eles encontra-se uma caminhonete Chevrolet dos anos 30 nomeada Anastácio, utilizada em produções como Sai da Frente (1952), filme estrelado por Amácio Mazzaropi, o eterno caipira das telas brasileiras.
Além disso, todos os dias duas salas de cinema se revezam para exibir três filmes: Caiçara (1950), dirigido por Adolfo Celi, com Tom Payne e John Waterhouse, a primeira produção da companhia, Tico-Tico no Fubá (1952), também de Celi, e um minidocumentário retratando a história do estúdio. As sessões estão programadas às 16h30 e às 18h30. Para as crianças, o longa Turma da Mônica: Laços, lançado neste ano, será projetado às 14h30.
História
Fundada em uma antiga fazenda do industrial Francisco Matarazzo Sobrinho, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz funcionou como palco de produções audiovisuais nacionais de 1949 a 1954. Lá, foram produzidos 22 filmes, mas o número de obras sobe para 40 contando parcerias com outros estúdios.
Entre os títulos mais renomados, encontra-se O Canguaceiro (1953), de Lima Barreto, que levou prêmios de melhor filme de aventura e de melhor trilha sonora no Festival de Cannes de 1953. Do mesmo ano, Sinhá Moça, de Tom Payne, fez sucesso ao retratar romance de Maria Dezonne Pacheco Fernandes.
Apesar do grande número de películas realizadas em apenas cinco anos, a Vera Cruz fechou as portas em 1954 por causa de dificuldades financeiras. Foi apenas em 1980 que o local de quase 40 mil metros quadrados voltou a ser utilizado, mas para outros fins. Feiras de diversas temáticas e grandes eventos ocuparam o local até o início dos anos 2000.
Foi apenas em 2003 que o estúdio estreitou laços com o cinema nacional ao ser utilizado como locação nas gravações do longa Carandiru, de Héctor Babenco. Depois do breve retorno às atividades originais, o complexo voltou à inatividade.
Em 2015, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), cedeu por 156 milhões reais uma concessão de 30 anos do espaço para a empresa privada Telem (Técnicas Eletro Mecânicas). No entanto, com falhas contratuais, a atual gestão da cidade (Orlando Morando – PSDB), rescindiu o acordo em 2017.
Desde então, o Vera Cruz está nas mãos da prefeitura que tem buscado revitalizar o local. Voltou a alugá-lo, por exemplo, para eventos variados como feiras gastronômicas. Além disso, o espaço foi utilizado nas gravações de programas de TV como The Four Brasil, da RecordTV, e o quadro The Wall do Caldeirão do Huck, da Rede Globo.
Exposição 70 anos de estúdio Vera Cruz
Avenida Lucas Nogueira Garcez, 856, Jardim do Mar, São Bernardo do Campo.
De quinta (14) a domingo (17), das 14h às 21h.
Entrada: gratuita.
Estacionamento: gratuito.