“O Waldemir foi meu primeiro namorado. Era 1970, eu tinha 15 anos e ele, 18. Somos os dois nascidos no Butantã e ele já me conhecia de vista, pois estudávamos na mesma escola e eu era amiga da irmã mais nova dele. A gente também frequentava o São Paulo Futebol Clube. Naquele ano, todos os amigos se reuniram no Morumbi para comemorar a vitória do time no Campeonato Paulista. Foi lá, em meio à festa e ao samba, que começamos a namorar. Não sei dizer de quem foi a iniciativa, só sei que, a partir do momento em que Waldemir me encontrou e me levou para a casa dele, já tínhamos um vínculo permanente.
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Eu sou a caçula, a ‘raspinha de tacho’, filha de um português. Por isso, e também por ter perdido minha mãe cedo, aos 8 anos, eu era muito protegida pelo meu pai. Não podíamos sair sozinhos, estávamos sempre com parentes ou colegas, o que não nos impediu de curtir bailinhos e Carnavais. Casamos em fevereiro de 1974 e, um ano depois, mudamos para a nossa casa, onde vivemos até hoje, também no Butantã. Nos dois primeiros anos de casamento, foram várias as viagens. aproveitamos para passar um tempo juntos, sem a vigia do meu pai na janela. Em 1976, nosso primeiro filho, Rafael, nasceu. Desde aquela época, a família sempre foi nossa prioridade, e passamos esses valores aos nossos quatro filhos e oito netos. Cuidei deles por toda a vida — e ainda cuido.
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Em 2009, eu estava em casa com meu filho mais novo quando sofri um AVC hemorrágico. Waldemir havia acabado de sair. Ele é arquiteto formado, trabalhava em um escritório no alto de Pinheiros. Quando recebeu a ligação, veio correndo para me levar ao hospital. Foi uma loucura. O médico acreditou que eu não fosse sobreviver. Tive de passar por cirurgia e, felizmente, voltei para casa após um mês internada no Hospital das Clínicas, sem nenhuma sequela. A recuperação seguiu bem, e meu marido não me deixou sozinha um momento sequer. Acredito que esse evento, apesar de traumático para mim e para ele, só nos aproximou mais.
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O Natal é uma tradição antiga de família. No início do relacionamento, era lei comemorar com o meu pai e os meus sogros juntos. Depois dos filhos, o costume continuou. As crianças só viam os presentes na manhã de Natal. Em 2015, Waldemir recebeu a proposta para trabalhar como Papai Noel em uma agência por acaso, por causa da barba. Eu nunca vi meu marido sem barba, é um hábito dele. Desde então, com uma breve pausa durante a pandemia, em 2020, ele faz eventos em shoppings, residências, lojas, hospitais e escritórios no fim de ano, e concilia com os trabalhos em arquitetura.
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Certa vez, ele chegou em casa muito abalado. Numa das lojas, um menino sentou no colo dele e fez um pedido incomum: queria que o Papai Noel protegesse todas as crianças da síria. Depois, descobrimos que o garoto era refugiado e havia sido adotado por uma brasileira. Não é um emprego fácil. Waldemir estudou muito sobre as abordagens adequadas e também sobre o público, que, diferentemente do que as pessoas pensam, vai de bebês de colo a idosos. Além, é claro, dos cuidados com o cabelo e a barba.
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Nós nos tornamos colegas de trabalho, o que eu e ele adoramos. Em 2019, fui chamada para fazer par como Mamãe Noel. Como ele sempre estava sozinho nos eventos, perguntavam por mim. Este ano, vou trabalhar com o Waldemir. Vai ser a minha primeira noite de Natal ‘na rua’. Mas, após o expediente, vamos passar a noite com nossa família. Nós levamos a alegria do Natal para a casa de outras pessoas, mas isso, de certa forma, também beneficia a nossa. Uma de minhas netas mais novas, Alice, de 5 anos, acredita que só nós somos o Papai e a Mamãe Noel de verdade. Eu agradeço muito pelos filhos e netos que criamos juntos. Acreditamos que a família vem em primeiro lugar, e esse é o legado que construímos nesses mais de cinquenta anos de união.”
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