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Escola de funkeiros: empresas se especializam em formar sucessos

Agências na capital servem como incubadoras de novos talentos e chegam a lucrar 2 milhões de reais por mês

Por Juliene Moretti
Atualizado em 1 jun 2017, 15h52 - Publicado em 28 out 2016, 23h00
MC Kevinho
MC Kevinho (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Menor da VG, MC PH, Huguinho e Davi. Nomes do funk como esses são desconhecidos de grande parte dos paulistanos. Apesar de não darem as caras nas mais famosas casas de show da capital nem soltarem a voz em programas de TV, eles têm seu público. E que público. Nas suas apresentações, quase sempre restritas a bailes na periferia, arrastam até 10 000 pessoas por festa, por um cachê que atinge os 50 000 reais. No YouTube, sua principal vitrine, em questão de dias, os videoclipes chegam a marcas superiores a 1 milhão de visualizações.

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Os números atraentes saltam aos olhos de muitos agentes musicais, que investem na formação desses artistas para poder lucrar depois. Os jovens aprendem não só a melhorar a voz, mas também a se vestir bem (no caso, de acordo com o figurino do gênero) e se comportar como “estrelas”. É preciso, por exemplo, saber se vender nas redes sociais, ser gentil com os fãs e evitar as drogas.

MC Brinquedo
MC Brinquedo ()

A principal “fábrica de funkeiros” da cidade é a agência e gravadora GR6, instalada em uma casa de 1 000 metros quadrados na Zona Norte. Com faturamento de 2 milhões de reais por mês, ela tem noventa funcionários (há até psicóloga) para lidar com os 63 artistas sob sua curadoria. Uma das apostas consiste no MC Kevinho, de 18 anos. Vindo de Campinas, ele mora em um apartamento bancado pelo negócio na vizinhança do escritório.

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Uma de suas faixas de sucesso se chama Tumbalatum. Lançada há um mês, ela conta com mais de 47 milhões de visualizações na internet. A letra rima bumbum com tumbalatum e mantém esse nível até o fim. Requisitado para uma impressionante média de doze shows por semana (cachê de 10 000 reais), ele suspendeu os estudos. “Vou voltar, falta só um ano”, promete.

Rodrigo Oliveira funk GR6
Rodrigo Oliveira funk GR6 ()

O empresário Rodrigo Oliveira, de 31 anos, está à frente da empreitada, criada em 2011 no esquema fundo de quintal. “Minha mãe, Nilza, atendia o telefone de casa como se fosse um escritório”, lembra. Antes de trabalhar como caça talentos, Oliveira organizava festas de funk. Para as principais apostas, a GR6 aluga apartamentos. O proprietário contabiliza 22 aluguéis. “Muitos não têm uma estrutura familiar consolidada, então é bom trazê-los para perto”, diz. “Sou especialista em encontrar parentes desaparecidos: basta o moleque ganhar dinheiro para aparecerem pais, tios…”

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A construção dos cantores parte, às vezes, quase do zero e pode custar até 800 000 reais. O retorno do investimento ocorre quando se emplaca um sucesso como Livinho.

mc livinho
mc livinho ()

Esse nicho de mercado está em fase de crescimento. Atualmente, existem pelo menos sete incubadoras do tipo por aqui, de portes diversos. A GR6 conseguiu trazer recentemente para seu timeo MC Brinquedo, um dos nomes mais fortes do momento. O funkeiro trabalhava antes com a concorrente KL Produtora, do empresário Emerson Martins. Para cobrir o buraco no casting, ele desembolsou cerca de 200 000 reais para montar um reality show batizado de À Procura do 5º Elemento, iniciado em abril. O objetivo do programa é descobrir estrelas. 

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A atração transmitida pela internet segue os moldes de espetáculos do naipe do The Voice, da Globo. Dos 2 000 inscritos, 25 passaram pelas quatro audições. Em janeiro, os finalistas devem ser confinados em um sítio no interior do estado para enfrentar desafios, até se revelar o grande campeão.

Programa Funk Vanessa Ferr
Programa Funk Vanessa Ferr ()

Em paralelo a essa produção, Martins vem investindo boa parte das suas fichas no lançamento do trio feminino Butterfly, que mistura de Whitney Houston a Beyoncé. “Vou prepará-las para o mercado internacional”, sonha. Entre as recomendações para as moças entre 20 e 27 anos evoluírem na profissão, aparecem andar sempre perfumadas e não se apaixonar. “Elas precisam manter o foco na carreira”, justifica Martins

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