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“Maluquinho tem vida própria como personagem e entidade”, diz Ziraldo

Musical da obra de maior sucesso do escritor estreia no Teatro Bradesco

Por Mariana Oliveira
Atualizado em 1 jun 2017, 17h22 - Publicado em 18 abr 2014, 11h43
Menino Maluquinho o musical
Menino Maluquinho o musical (Divulgação/)
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Com mais de 100 obras publicadas, Ziraldo, 81 anos, não pode ser definido apenas como cartunista ou escritor. O pai do Menino Maluquinho é também pintor, cartazista, jornalista, teatrólogo, chargista, caricaturista e, em sua própria definição, colecionador de piadas. Acaba de estrear no Teatro Bradesco sua obra de maior sucesso, que conta a história de um garoto travesso e feliz.

 

Lançado em 1980, o livro que fez (e faz) parte da infância de muitos brasileiros já teve 2,5 milhões de exemplares vendidos. Maluquinho já foi tema de tirinha, gibi, filme,  série de TV e até balé. Chega agora aos palcos em espetáculo dirigido por Daniela Stirbulov com o ator João Lucas Martins no papel principal.  Para Ziraldo, o segredo do sucesso está nas relações e nos sentimentos que o menino enfrenta, seja nos livros, nas telas ou na frente das coxias. Confira abaixo o bate-papo:

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De onde veio da ideia do musical? O Menino Maluquinho tem uma história incrível, ele ocupou todos os suportes que existiam no tempo dele. Depois de ser lançado em livro, virou história em quadrinho, tira de jornal, peça de teatro, filme, série de TV, cantata do maestro Ernani Aguiar e balé. Faltava apenas o musical. Eu ficava me perguntando: ‘Engraçado, não aparece ninguém para fazer um espetáculo’. Aí a companhia paulistana 4ACT me procurou e eu respondi ‘Ué, jogaram o sapo na lagoa’.

 

Como é ver a história que nasceu num livro ganhar tantos formato? Quando aconteceu a primeira vez foi um susto, mas depois foi ficando normal. Agora é emocionante ver – finalmente – um musical tipo Broadway. Essa é a última maneira do livro virar espetáculo em formatos da época do próprio personagem, que é de 1980. Mas já vão começar a aparecer Meninos Maluquinhos nos smartphones, tablets, e-books. Isso também tem que acontecer.  

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Participou de alguma parte desse projeto? Tanto nos filmes, quanto nas peças de teatro, eu nunca dei palpites. Seria como escolher a noiva de um filho. O Maluquinho tem vida própria como personagem e entidade. E embora o texto tenha sido adaptado para o teatro pelos roteiristas da produção, é como se eu tivesse escrito. Não tive nenhum objeção, pelo contrário, fiquei honradíssimo, muito feliz mesmo. É engraçado porque a narrativa do foi feita para ser livro. A virada de página faz parte da forma como eu conto a história, mas mesmo assim eles conseguem transformar em espetáculo. Eu acho sensacional!

Menino Maluquinho o musical
Menino Maluquinho o musical ()

Hoje as crianças reconhecem a história em qual formato? O livro não é ocasional, pois não fala de um acontecimento. É uma obra sobre um estado de ser menino, principalmente um menino brasileiro. Fala sobre sentimentos. Nenhuma criança de hoje, ao ler o livro, pergunta ‘Mas esse Maluquinho não tem celular?’ Ele está soltando pipa? Que coisa!’, porque a história fala das relações, que são eternas. Acho que esse é o segredo do sucesso. Continua sendo um best-seller infantil e deve passar o número de vendas de todos os outros que escrevi juntos.

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Então, se fosse para escrever O Menino Maluquinho em 2014, não mudariam muitas coisas? Eu teria que colocar o Maluquinho jogando Nintendo, Super Mario. Estou meio antigo, mas acho que teria que desenhar alguns computadores. Talvez o Maluquinho conversando com o Bocão pelo Skype!

O Menino Maluquinho
O Menino Maluquinho ()

Vem coisa nova por aí? Qual a sua rotina de trabalho? Eu não paro de trabalhar, não. Estou continuando a série Os Meninos do Espaço que comecei há seis anos. Serão dez livros e neste ano, na Bienal, deve sair o sétimo chamado O Menino de Saturno. Os anéis do planeta perdem a cor e o espaço fica apertado, vamos saber como o garoto recoloriu tudo. Não podemos parar nunca. Quando você está ocupado, não tem tempo para perceber que ficou velho. Não é que você não tenha tempo de ficar velho, eu, por exemplo, costumava cansar às 2h. Agora estou cansando às 21h.

Falando em envelhecer. Como seria o Maluquinho mais velho? Ah, seria um cara legal. Ou melhor, um velhinho legal e conformado. Ele diria: ‘Confesso que vivi. Não deixei de gozar a vida’. Eu acho que seria um velho bem tranquilo, eu acho… Eu sou um velhinho maluquinho!

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