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Nosso Louco Amor: “Ele vive em alto-mar e nossa filha chega já”

Denise conheceu o marido na Irlanda em 2017 em uma viagem para aprender inglês; agora ele vem a São Paulo para acompanhar nascimento de Bella

Por Denise Sarri, 37 anos, em depoimento a Fernanda Campos Almeida
Atualizado em 27 Maio 2024, 17h44 - Publicado em 7 ago 2020, 06h00
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  • “Por causa da restrição da entrada de estrangeiros no Brasil durante a pandemia, meu namorado irlandês, Tommy Macgowan, 35, está esperando ansiosamente a embaixada aprovar nosso pedido de união estável feito às pressas. Ele mora na pequena cidade de Galway, oeste da Irlanda, e mudar o estado civil garantirá a entrada dele para acompanhar o parto da nossa filha, previsto para setembro. Nesse processo complicado, contratei um advogado para me ajudar com a documentação e a brincadeira custou 5 000 reais. Não tínhamos necessidade de casar, mas e se ele for barrado quando chegar?

    Fui à Irlanda para aprender inglês em 2017. A adaptação foi difícil, não tinha muitos amigos no país e, apesar do preconceito contra aplicativos de relacionamento, resolvi baixar o Tinder. A foto do perfil do Tommy era de uma viagem ao Canadá, com um iceberg ao fundo. Achei incrível e demos match. Ele era tão perfeito que, desconfiada, lhe perguntei o que um homem tão bonito e com uma vida já estruturada estava fazendo no Tinder. Achava que tinha de ter algo de errado naquele homem, mas ele retrucou, todo galanteador, questionando como uma mulher bem-sucedida, pós-graduada e que fala outras línguas também estava no mesmo aplicativo.

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    Nosso primeiro encontro foi em um pub, onde conversamos por horas. A vontade de a gente se conhecer era tão intensa que superava meu inglês travado. Assim como eu, descobri que ele gostava de tatuagem, ouvia rock e era fã de System of a Down. Só podia ser um sinal! Eu era a primeira namorada dele e, no ano seguinte, quando tive problemas para encontrar uma acomodação, ele me convidou para morar com ele.

    Eu sou intensa e extremamente emocional. Já ele, totalmente racional. Tommy é tímido, mas persistente. Nasceu em uma região rural da Irlanda, no meio do nada, e cortava árvores para ganhar um dinheirinho extra. Estudou engenharia e ganhou uma bolsa de estudo em Edimburgo, na Escócia. Formou-se engenheiro naval e mergulhador. Ele passa mais tempo em alto-mar do que em terra, pesquisando sobre gás e petróleo. É um mês no navio e apenas três semanas em casa. Admiro essa persistência dele. Acho que admiração é uma parte importante para amar alguém. Tenho certeza de que o Tommy é o homem certo para ser o pai da minha filha.

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    Escolhemos o nome Bella porque é curto e fácil de pronunciar em qualquer língua. Digo que ela é cubana porque foi concebida em Cuba, nas nossas últimas férias de verão. Após cinco dias na ilha caribenha, viemos para o Brasil para apresentá-lo a minha família antes de voltarmos à Europa, mas acabei engravidando. Depois do Natal, passei mal e Tommy me levou ao hospital. O médico insistiu em fazer o exame de Beta-HCG para eliminar qualquer hipótese de gravidez. Eu estava convicta de que eram sintomas pré-menstruais, mas, quando o resultado saiu, o médico anunciou meu nome já me chamando de “mamãe”.

    Depois, Tommy precisou voltar ao trabalho em alto-mar e eu resolvi ter a Bella em São Paulo porque, na Irlanda, só poderia tê-la pelo sistema público de saúde, sem escolher o ginecologista. As parteiras irlandesas não são nada amigáveis e não deixariam que ele estivesse comigo no momento do parto.

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    Eu e ele somos um casal “movimentado”, sempre nos encontrando em outros países. Visitamos um ao outro quando vivi por um tempo na Itália para tirar minha cidadania e ele morou na Noruega para fazer um curso de mergulho. Outra vez, quando voltei do meu curso de ioga na Tailândia, só para me agradar ele reservou um hotel maravilhoso para nós por quatro dias e agendou um horário no salão de beleza, porque eu me queixava do meu cabelo, ressecado pela água do mar.

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    Relacionamento a distância é desafiador. Sinto tanta saudade dele que conversamos três vezes por dia pelo telefone, se não mais. Com a chegada da Bella, Tommy vai repensar a carreira para ficar mais tempo com a gente. A ficha dele só caiu quando minha barriga ficou enorme. Um dia, antes de dormir, ele deu dois tapinhas nela e desejou “boa noite, Bella”. Depois de a nossa bebê nascer, quando estiver pronta para voar, voltarei a morar com ele na Irlanda.”

    Publicado em VEJA SÃO PAULO de 12 de agosto de 2020, edição nº 2699. 

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