Na próxima sexta (21), a boate gay Blue Space, na Barra Funda, recebe mais uma edição da festa Priscilla, que tem como convidada de honra Raja Gemini. A drag queen é vencedora da terceira temporada do reality show americano RuPaul’s Drag Race, competição que busca a melhor performer e costuma movimentar as redes sociais com muito drama e paetês.
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O bem-sucedido programa colocou novamente os holofotes nas drag queens. Por aqui, suas apresentações não mais ficam restritas a points GLS clássicos, como a Blue Space. Há quase dezenove anos na ativa, o clube é referência em shows bem elaborados, com direito a telões de LED, cenografia especial e até elevador. As artistas de lá chamam atenção pelos figurinos e coreografias, além do talento no lipsync, técnica de interpretar hits de divas do pop sem cantar de fato, apenas movendo os lábios.
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Sérgio Oliveira, organizador da folia Priscilla ao lado de Leonardo Polo, explica que a ideia surgiu depois do sucesso de uma das edições da noite Recalque, realizada mensalmente no Cine Joia, que também contou com a presença de ex-participantes do reality gringo. “Percebemos que existia a necessidade de uma festa dedicada para montação”, afirma Oliveira. “As drags sempre estiveram aí, só esperando o momento para retornar.”
A onda também chegou à Rua Augusta. A noitada Cover Girl, que ocupa o Anexo B., promove um concurso aos moldes de RuPaul’s, mas voltado também para os meros mortais não-profissionais que estiverem na pista. Quem arriscar subir ao palco será avaliado por um corpo de jurados formado por drags da cidade.
“Qualquer um pode tentar, montado ou não, sozinho ou em dupla”, diz Penelopy Jean, integrante do projeto Trio Milano e uma das juradas. “Normalmente, o vencedor é alguém que já veio preparado.” Os prêmios consistem em consumações de até 500 reais para ser gastos dentro da casa. “Trata-se de uma celebração da diversidade e a Augusta permite isso. Está demorando para surgir mais festas assim”, afirma Vitor Lucas, proprietário do Anexo B. A próxima edição está marcada para este sábado (15).
Reality à brasileira
Há pouco mais de oito meses, o diretor Alexandre Carvalho e a produtora executiva Lita Almeida decidiram, mesmo que sem apoio financeiro, produzir um reality nacional. Convidaram a estrela Silvetty Montilla, que há 27 anos se apresenta pelo Brasil, e criaram o Academia de Drag. “A ideia, diferentemente do RuPaul’s Drag Race [que só conta com profissionais], é ter uma escola para aspirantes a drags”, afirma Carvalho. Das inscrições recebidas, foram selecionadas oito artistas que durante o programa passaram por desafios como produzir o próprio visual, montar a peruca e dançar.
Ao todo, foram gravados oito episódios. O último deles irá ao ar na segunda (17), no canal do YouTube da produção. Além de Silvetty, que atua como uma espécie de ‘diretora’ da escola, há um grupo de avaliadores, formado por figuras a exemplo do estilista Alexandre Herchcovitch, Marcia Pantera, performer que ficou conhecida no início dos anos 90, e José Victorino, dono da Blue Space.
O prêmio é o direito de se apresentar no palco da própria Blue Space, ponto alto da carreira de quase toda artista da área, em uma noite dedicada ao reality. “Estar ali dá visibilidade para a performer. É uma vitrine, uma oportunidade de ficar conhecida”, acredita Silvetty. Ela recebe apoio para que a produção continue: “A iniciativa foi corajosa e não demorou para que nomes como Miguel Falabella e Valesca Popozuda me procurassem para saber mais sobre o programa.”
De acordo com Carvalho, a segunda temporada já está garantida e as gravações devem começar no início do próximo ano. “Vamos continuar na internet, mas não fecharemos as portas para a televisão. Estamos em busca de patrocínio agora”, afirma.