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Diogo Defante lança carreira musical: “quero cantar muito bem”

O humorista carioca que reúne milhões de seguidores volta aos palcos e se apresenta no Carioca Club no próximo domingo (27)

Por Gabriela Del'Moro
Atualizado em 21 ago 2023, 12h19 - Publicado em 18 ago 2023, 06h00
Homem vestido de pirata em fundo branco com dedo mindinho cutucando os dentes.
Defante: fantasiado para o clipe de 'Jerry' (Steff Lima/Divulgação)
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“Sinto como se tivesse vivido um sonho”, revelou o carioca Diogo Defante, um dia após se apresentar para uma plateia de mais de 1 300 pessoas que enchiam o tradicional Circo Voador, casa de shows no Rio de Janeiro, no último dia 13. Mais conhecido por seus vídeos de humor desconcertante e nonsense (palavra dele) na internet, o artista quer retomar sua faceta musical, desconhecida do grande público.

Era a primeira performance da turnê do EP de estreia dele, Robson, e a próxima parada está marcada para o domingo (27) no Carioca Club, em Pinheiros. E não espere que o rapaz deixe o espírito engraçadão de lado nos palcos. Ao chegar ao Circo, a plateia recebeu uma dessas pulseiras que brilham no escuro, que deveriam ser devolvidas em um balde no final — uma sátira aos braceletes de LED dos shows do Coldplay no país.

Defante “furou a bolha” do seu público habitual com as palhaçadas do quadro Repórter Doidão, sobretudo durante a transmissão da Copa do Mundo em 2022 com a CazéTV. Em um dos vídeos, trollou pedestres usando uma barata de mentira, e as brincadeiras quase lhe renderam uma prisão no país do Oriente Médio. O trabalho com a comédia, porém, vem de antes.

Além de ter feito parte de canais como o Parafernalha, ele cria conteúdo na própria plataforma do YouTube desde 2015, onde hoje contabiliza mais de 2 milhões de inscritos — soma também mais de 3 milhões de seguidores no Instagram. Entrevistas com a população sobre assuntos cotidianos e a reação a vídeos engraçados estão entre os sucessos dele. O que muita gente não sabe é que a aposta na música é ainda mais antiga.

O carioca foi baterista da extinta banda Let’s Go (2005-2012), que montou no colégio, antes de se dedicar ao riso. “Nunca foi o meu sustento. A gente gastava muito para manter, um prato que rachou, uma baqueta… E era difícil ter um cachezinho”, relembra. Na época, o grupo de emocore tocava também por endereços paulistanos, como o Hangar 110, no Bom Retiro. “Moramos em São Paulo por um ano e meio para tentar fazer acontecer.” Não rolou.

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Homem pelado de costas em laje com caixa de bateria ao redor do quadril.
Início da carreira: baterista da banda Let’s Go (Acervo Pessoal/Divulgação)

Acabou “chegando lá” com a comédia, mas não largou o sonho de trabalhar com música. Decidiu retomar essa carreira de verdade neste ano, agora como cantor. “A música é um bom pretexto pra gente se reunir, fazer bagunça”, justifica.

Em junho, lançou o single Jerry, composição de onze anos atrás que conta a história de um rato ladrão de queijo. “Achei divertido, justamente por não ter a pressão de ter que escrever uma letra séria. Foi despretensioso. Depois, tomei gosto por essa merda e fiquei compondo outras letras assim, coisas bobas, o mais bobo que eu conseguia”, confessa.

O jeitão escrachado e o estilo cômico musical remetem aos Mamonas Assassinas (1995-1996). “Não foi intencional”, garante Defante sobre a semelhança. A inspiração, ele conta, é vasta e inclui até a animação musical da Disney A Bela e a Fera (1991), pelo “tom épico”. No EP, as cinco faixas têm referências de gêneros múltiplos, como a moda de viola em Catacumba ou mariachi em Matinho. “Se eu quiser fazer um pagode, eu vou fazer.”

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Novas canções virão ainda neste ano, e devem compor mais um EP inédito, que ainda não tem data de lançamento. “Sou chato tecnicamente, então eu quero cantar muito bem, fiz preparação vocal. Gosto de música, eu vou querer executar isso muito bem.”

Ao ser questionado se prefere a comédia ou a música, Defante acredita ter alcançado um equilíbrio. “Música eu tenho mais tempo, mas menos imersão. Eu vivi essa parada, mas nunca foi meu trabalho. A comédia virou o meu trabalho e fiquei full time nela, assim, foi se igualando.” Hoje, ele diz que essas duas vertentes lhe dão rendimentos financeiros e vai seguir com ambas. “Agora a música também é minha profissão, foi uma virada de chave muito louca.”

Capa do álbum Robson, de Diogo Defante, com fundo roxo.
Robson: EP de estreia (Robson/Divulgação)

O estilo espalhafatoso e zombeteiro do humorista é apenas uma parte de Defante, nascido em Realengo, no subúrbio do Rio. “Sou mais calminho”, afirma. “O Diogo-pessoa-física é um cara meio idosinho, gosta de uns passeios, ir a uma exposição de arte no CCBB…” Mesmo em reuniões com os amigos de antes da fama, costuma ficar mais na dele, garante. “Sou o último a querer fazer gracinha.”

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O artista aproveita o momento também para testar outras possibilidades de relacionamento e sexualidade. “Sou bem desprendido. Tive dois relacionamentos monogâmicos, quando acabou fiquei bem reflexivo e achei que não fazia muito parte da minha natureza.” É comum vê-lo por aí falando sobre o prazer anal masculino e suruba, por exemplo, o que crê ser uma boa referência para seu público, formado, em sua maioria, por homens héteros, assim como ele. “Acho que posso dar uma viradinha de chave na cabeça dessa galera”, afirma.

Com a agenda cheia e semanalmente na ponte aérea Rio-São Paulo para eventos e a gravação do programa culinário Rango Brabo nos estúdios Podpah, na Vila Madalena, o cantor/comediante planeja ter um lugar para chamar de seu na capital. “Em breve, vou ter que alugar um apartamento, vou acabar morando um pouco em São Paulo e um pouco no Rio.”

Mas as duas metrópoles parecem pequenas para ele, que até planeja fazer um quadro Defante pelo Mundo. “Uma coisa viajando nos países mais loucos”, explica. Aguardemos.

Carioca Club.
Rua Cardeal Arcoverde, 2899, Pinheiros, tel. 3813-8598. Tem acessibildiade.
Dom (27), 17h.
R$ 80,00.
cariocaclub.com.br. 

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Publicado em VEJA São Paulo de 18 de agosto de 2023, edição nº 2855.

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