Foi dada a largada para a 11ª edição da SP-Arte/Foto 2017. O evento começa nesta quinta (24) e segue até domingo (27), no Shopping JK Iguatemi. A feira dedicada à fotografia reúne 32 galerias brasileiras que mostram o melhor da produção nacional e internacional do suporte. VEJA SÃO PAULO visitou a atração e elencou seis destaques da fotografia contemporânea para aproveitar ao máximo a sua visita. O guia vem acompanhado com os trabalhos imperdíveis da edição:
1 – Apropriação de imagens antigas
Um bom jeito de abordar temas como memória e história é usar fotos já existentes para criar novos trabalhos. Entre os diversos artistas que adotam a prática, está André Severo, que fez trabalhos a partir de um vídeo há tempos utilizado por bombeiros para estudar casos de incêndio. No estande da Galeria Bolsa de Arte, ele apresenta um frame do filme, mostrando a beleza da tragédia. A foto integra a série que lhe rendeu, em 2015, o reconhecido Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia. No mesmo espaço, Helena Martins Costa traz velhos retratos garimpados em leilões, sebos e feiras de antiguidade para o trabalho Desvio. Em comum, as divertidas fotos têm um erro: todos os personagens estão inclinados, por conta da desestabilização da câmera no momento do clique. Vale, também, visitar o estande da Galeria Casa Triângulo, que apostou em um projeto solo de Ivan Grilo. O artista combina velhas fotografias em preto e branco com cliques tirados por ele.
2 – Fotografias de longa exposição
No lugar de fazer imagens instantâneas com apenas um clique, muitos fotógrafos brincam com a possibilidade de registrar movimentos. Colocando a máquina em um tripé e deixando a lente aberta por alguns minutos, o resultado pode ficar bem mais interessante. A técnica é marca do alemão Michael Wesely que, no estande da Casa Nova, apresenta trabalhos como a foto acima feita em Berlim. O artista também já realizou o experimento por aqui. Ele escolheu episódios como a montagem dos cavaletes de vidro do Masp e a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O mesmo processo foi selecionado por André Lichtenberg, da Galeria Bolsa de Arte, para registrar a série Dream. Sob casinhas do litoral retratadas por ele estão céus quase oníricos: a longa exposição lhes rendeu cores e efeitos deslumbrantes.
3 – Registros feitos de cima
Antes realizadas com avião e hoje clicadas frequentemente por drones, as fotografias aéreas mostram a pequenez do ser humano perante a grandiosidade do universo. É o efeito que causam as fotos de Cássio Vasconcellos, da Fotospot (o artista é também diretor da galeria). Em Vôo sobre SP, ele mostra a capital de uma perspectiva bem diferente. O paulistano João Farkas, da Galeria Marcelo Guarnieri, apresenta paisagens brasileiras como a Amazônia, o Pantanal ou o sul da Bahia. Tiradas de cima, elas mostram a exuberância da natureza brasileira. O mesmo acontece com o belo clique em verde e azul de João Luiz Musa, na Galeria Luciana Brito.
4 – Fotografia expandida
Movimento bem frequente da arte contemporânea é imprimir a fotografia em suportes inusitados ou fazer dela um objeto. É uma maneira de “sair da casinha” e expandir a criatividade para além da impressão tradicional. É o caso de Celina Portella, que faz registros de si mesma em performances e depois acrescenta objetos. Obras lúdicas da série Puxa aparecem por todos os lados da Galeria Inox: os trabalhos são cobiçados por muitos colecionadores que passam pela feira (cinco dos seis trabalhos já foram vendidos). Também inusitadas são as imagens de Alexandre Urch, da Fotospot. Colados em shapes de skate, cliques de São Paulo mostram a relação do artista-skatista com a cidade. Claudia Jaguaribe apresenta uma série de fotografias da China em um grande objeto que fica deitado no chão do estande da Casa Nova. Com uso de backlight, seus registros urbanos ficam ainda mais coloridos.
5 – Fotojornalismo
Registro de acontecimentos, denúncia e divulgação são funções associadas à fotografia desde sua invenção. Na arte contemporânea não é diferente: artistas continuam usando suas lentes para trazer à luz fatos reais. Um bom exemplo é Maurício Lima que, em 2015, acompanhou um grupo de refugiados sírios a caminho de países da Europa. Durante seis meses, ele conviveu e registrou a saga e o sofrimento dessas pessoas, em um ensaio publicado pelo The New York Times, que lhe rendeu um Prêmio Pulitzer inédito para brasileiros. Uma de suas fotos está exposta na DOC Galeria, estreante na feira. No mesmo espaço, o paraense Gabriel Chaim apresenta cliques em preto e branco tirados na Síria, em 2015, para denunciar a guerra. O fotógrafo Drago traz cliques tirados durante os protestos de 2013, na capital.
6 – Obras construídas por mais de um clique
Uma imagem vale mais do que mil palavras. Às vezes, porém, uma única foto não é suficiente para transmitir a mensagem necessária. Por isso, muitos artistas optam por criar trabalhos feitos a partir da construção de vários cliques. É o caso de Luiz Maudonnet, da Arte Hall, que usa quatro fotos (o chamado políptico) para contar a história de uma criança que brinca de bola. Marcelo Moscheta faz o mesmo em seu trabalho da curitibana SIM Galeria. O artista realizou uma expedição da nascente à foz do Rio Tietê e fotografou belas paisagens de suas margens (sim, existe um belo rio para além das sujas águas que perpassam a capital). O políptico reúne cerca de dez cliques que constroem um cenário da expedição em preto e branco.