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Designers pernambucanos unem o tradicional ao contemporâneo

Conheça dois nomes que despontam no cenário nacional

Por Luana Machado
Atualizado em 26 jul 2024, 09h53 - Publicado em 26 jul 2024, 08h00
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Caio Lobo, designer de móveis mistura referências na Poltrona Vazio (Agliberto Lima/Veja SP)
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Quem visita a terra do frevo não tem como passar ileso às cores e texturas que envolvem o território pernambucano. Reconhecido pela prolífica produção de artesãos como Cida Lima e Luiz Benício, ambos com projeção internacional, e por ser berço do movimento armorial, fundado por Ariano Suassuna (1927-2014), e de Aloísio Magalhães, pioneiro do design modernista no país, não é surpresa que o design pernambucano esteja ganhando cada vez mais proeminência no cenário nacional — somente na última edição do Design Weekend, o maior festival urbano do setor da América Latina, realizado na capital paulista, contou com peças produzidas por cinquenta artesãos e artesãs do estado — levado por artistas que incorporam o contemporâneo aos saberes, técnicas e materiais da arte tradicional nordestina.

Um deles é Caio Lobo, cuja trajetória na criação de móveis passa pelo agreste pernambucano e pela capital paulista. Natural de Garanhuns, o designer morou em São Paulo em 2015, com o intuito de conhecer o arquiteto Eduardo Longo. “Eu não sou formado na área, cursei administração na faculdade, mas tinha contato com o design de móveis por conta da loja de arte decorativa da minha família. Quando fui para São Paulo, aprendi muita coisa conceitual e teórica. Lembro que estava na cidade no ano do centenário de Lina Bo Bardi e, imagina, eu só conheci o trabalho dela quando me mudei. Eu tive contato com um pensamento mais artístico e futurista mesmo”, conta.

Em suas peças, Caio traz referências da arte pernambucana, como na Poltrona Paêbirú, que leva o nome do disco de Lula Côrtes com Zé Ramalho, e na peça Tramela, homônima do passo de frevo.

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A Poltrona Paêbirú (Divulgação/Divulgação)

“Eu faço móveis com minha personalidade. Sou nordestino, agrestino e pernambucano. Uso regionalidades no conceito, mas não é algo que busco, é algo que sou. Eu crio com materiais considerados regionais, como couro de gibão e correia de máquina de costura antiga, porque fazem parte da minha criação, que encontro com facilidade no entorno, na feira livre de Garanhuns, por exemplo. Não vou pensar no acrílico porque está fora da minha realidade”, explica.

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Antes chamada de regional, termo por vezes considerado pejorativo para definir toda arte produzida fora do eixo Rio-São Paulo, a produção vinculada a técnicas e materiais populares ganha novos contornos nos circuitos artísticos. “Você chega na Feira na Rosenbaum e encontra pessoas buscando essa ‘arte regionalista’. Na verdade, é uma coisa que se repete: o modernismo buscava o regional, o manguebeat e o tropicalismo também. E eu busco isso, o que é mais raiz e verdadeiro”, declara Caio.

Também do agreste pernambucano, o designer Fabio Melo trabalha em suas peças com as estéticas do cangaço e do movimento armorial unidas a traços minimalistas. Sua primeira mostra individual, Sertão sobre Sertão — Narrativas Poéticas e Design Autoral, foi realizada em São Paulo na Casa Gabriel, onde ficou em cartaz de novembro de 2023 a janeiro deste ano, com peças de mobiliário que levam sua marca registrada: costura manual no couro e madeira de artesãos.

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O designer Fabio
Melo (Kell Felix/Divulgação)
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“Eu sou de Caruaru, minhas referências são nordestinas e trazem a cultura do povo sertanejo. Como brinco com expressões populares da minha infância na exposição, digo que o sertão pode não virar mar, mas vira design”, conta.

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Vaso Caatinga, feito de porcelana Zanatta (Kell Felix/Divulgação)

Publicado em VEJA São Paulo de 26 de julho de 2024, edição nº 2903

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