Neste fim de semana (23 e 24), o Sesc Pinheiros recebe a estreia nacional do espetáculo de dança Erêndira. A coreografia de Ismael Ivo é fruto da residência artística de 29 jovens bailarinos de diferentes nacionalidades, entre eles quinze brasileiros, em Viena, na Áustria. Homenagem ao realismo fantástico de Gabriel García Márquez, a apresentação trata de uma avó que explora a neta.
A ideia de aprimorar o trabalho, que já tinha uma versão reduzida apresentada na Bienal de Viena, surgiu em fevereiro, meses antes da morte do escritor. “Fiquei muito tocado e decidi homenageá-lo. O espetáculo é uma releitura do meu fascínio pela literatura latino-americana”, conta Ivo. Para ele, a criatividade latina é o que há de mais precioso na arte produzida por aqui.
+ 25º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo
+ As histórias inusitadas do Parque do Ibirapuera
Para mergulhar no mundo fantástico, porém, Ivo se aprofundou em temas duros da realidade, como tráfico e prostituição. Durante a concepção coreográfica, mostrou aos bailarinos estatísticas sobre a exploração infantil ao redor do mundo. “Eles precisam saber por que estão dançando, o palco é uma plataforma de transformação”, explica.
Apresentado no ImPulsTanz Festival, um dos maiores eventos de dança do mundo, o espetáculo foi elogiado pela imprensa austríaca.
Biblioteca do Corpo
Nascido na Vila Prudente, em São Paulo, o reconhecido bailarino e coreógrafo criou o projeto com o objetivo de treinar jovens profissionais da área. A residência é uma parceria entre o Sesc São Paulo, a Secretaria de Estado da Cultura e o ImPulsTanz Festival, de Viena.
Apesar de trabalhar com bailarinos do mundo todo, Ismael Ivo diz que os brasileiros têm um lugar especial no projeto. Bruna Barbosa, de 24 anos, integrou o grupo no ano passado e diz que a experiência foi enriquecedora.
“O Ismael é muito exigente e a rotina era pesada, mas foi incrível estar lá”, conta a bailarina, que, após o projeto, participou de uma audiência na Tanztheater Wuppertal, Cia. de Pina Bausch.