Enquanto há luz do sol, Daniel Melim não descansa. Sob encomenda do Memorial da Resistência, o artista paulista tem até domingo (19) para grafitar um mural do lado de fora do prédio da Estação Pinacoteca, onde fica o museu. A poucos metros dali está uma de suas obras mais famosas na cidade, o Mural da Luz.
A ideia, segundo ele, é estabelecer um diálogo entre arte e política. O museu, que se dedica a preservar as memórias da resistência e da repressão política do Brasil republicano, ocupa a parte do prédio onde funcionou o Deops/SP (Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo) entre 1940 e 1983 –as celas, inclusive, continuam intactas.
Para compor o painel de 20 por 5 metros, posicionado na área do estacionamento, ele convidou outros artistas: a dupla B-47, formada por Tiago Gasques (FRG) e Denis (DME), e Ignore, codinome de Pedro Sussumu. “Vemos tantos escândalos políticos, problemas de segurança pública, por aí. Vamos representar a forma como enxergamos a resistência no país atualmente”, conta Melim, que esboçou um homem com uma camiseta enrolada na cabeça. “Cada um de nós é de um universo, mas os trabalhos vão se interligar de alguma forma. O FRG, por exemplo, vai mais para a abstração, e o Pedro, para o realismo.”
Assim que entregar a obra, Melim, que é artista da Choque Cultural, uma das principais galerias de arte urbana da cidade, parte para uma residência artística em Londres. Ele fará intervenções no South Bank, complexo cultural à beira do rio Tâmisa.