A educadora americana Anne Sullivan (1866-1936) ficou famosa por ter conseguido romper o isolamento imposto pela quase total falta de comunicação da aluna Helen Keller (1880-1968), surda e cega, que depois se tornou uma prolífica escritora e filósofa. A trajetória das duas virou filme e peça de teatro e inspirou a criação, em 1991, da Ahimsa, entidade instalada na Vila Mariana responsável por garotos e garotas vítimas da dramática situação de possuir múltiplas deficiências, a exemplo de Tyfanir dos Santos, de 7 anos, que escuta mal, enxerga pouco e não consegue andar direito. “Algumas crianças que chegam aqui nunca tiveram estímulos”, afirma a pedagoga Roberta Fernandes. “Cada uma delas vive em um mundo.”
Há aquelas que, por consequência de paralisia cerebral ou rubéola, não andam, não ouvem, não enxergam e, consequentemente, não conseguem falar. Só sabem chorar, gritar ou mesmo autoagredir-se. A Ahimsa tem cerca de 200 alunos matriculados em cursos que empregam diversos elementos para o aprendizado, como texturas, música, tinta e até jardinagem. “Nosso objetivo é fazer com que eles se comuniquem”, diz a assistente social Regina Flöter, uma das fundadoras da entidade, criada sem fins lucrativos, que se mantém com o auxílio de doações e do governo.“O programa de ensino é muito individual, já que cada um traz diferentes deficiências e níveis de desenvolvimento.” As mães também participam de algumas aulas para aprender como lidar melhor com os filhos.
Ahimsa. www.ahimsa.org.br.