Eleito em março, o papa Francisco fará sua primeira visita ao Brasil no próximo dia 22 de julho, quando participará da Jornada Mundial da Juventude, que promete reunir milhares de católicos no Rio de Janeiro. Para o encerramento do evento, no dia 28, o pontífice vai celebrar uma missa com cálices e pátenas esculpidos em metal banhado a ouro.
+ Conheça as obras do artista espalhadas por igrejas da capital
Antes disso, fará uma visita à cidade de Aparecida, a cerca de 160 quilômetros de São Paulo, onde vai visitar o Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Em suas aparições oficiais ele vestirá uma casula (vestimenta) branca bordada em azul e dourado e estampada com gravuras que simbolizam a água e os peixes.
Em todas essas ocasiões, o sucessor de Bento XVI estará cercado pelo trabalho do artista sacro paulistano Cláudio Pastro. “Sou o responsável pela criação e pela produção das peças religiosas que serão utilizadas pelo papa”, orgulha-se ele, que está confeccionando os itens em seu ateliê, no bairro de Perdizes.
A Arquidiocese do Rio de Janeiro incumbiu-se da escolha de seu nome para a santíssima missão. Pastro é também o encarregado desde 1999 de todo o projeto artístico do templo de Aparecida. A basílica passa por um processo de modernização que será concluído em 2017. “Entre as novidades, teremos um mosaico de 2 000 metros quadrados ilustrado com uma grande árvore da vida e um painel de azulejos com imagens da flora e da fauna do Brasil”, diz.
Por causa dessa grande tarefa, Pastro ficou conhecido como o “Michelangelo brasileiro”. “Não posso negar que acho Aparecida bem mais bonita que a Capela Sistina”, exagera ele, incorrendo no pecado da vaidade.
Em 350 igrejas e capelas espalhadas pelo mundo há obras do artista. Algumas das mais importantes encontram-se em templos paulistanos. Para a Catedral da Sé, por exemplo, ele construiu o altar de mármore branco maciço. Na Abadia de Santa Maria, no Tremembé, assina um belíssimo painel pintado sobre concreto.
“Ele tem um estilo moderno e inteligente que influenciou milhares de artistas mais jovens”, analisa César Sartorelli, mestre em ciências da religião pela PUC-SP.
Uma das principais características de Pastro é a temática da obra, sempre voltada para os mistérios bíblicos e as mensagens de Cristo. É conhecido também por sua língua ferina. “Não me peça para esculpir santinhos e anjinhos”, avisa.
Com frequência, ele manda derrubar esculturas que encontra nas capelas encarregadas de reformar. “Tem cada coisa por aí que parece ter sido inspirada em motel”, critica.
Aos 65 anos, Pastro continua trabalhando a todo o vapor. Sua rotina começa às 4h30 da manhã, quando acorda para o primeiro de sete momentos de oração do dia. “Vim de uma família muito católica e, por isso, minha arte foi por esse caminho, mas graças ao bom Deus nunca quis ser padre.”
Pastro vive sozinho no mesmo apartamento onde fica o espaço de seu ateliê. Nunca se casou. “Eu sou a Virgem Maria”, brinca.