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Chico Buarque suspende autorização de uso de músicas para Botelho

Após diretor criticar Dilma e Lula durante peça "Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos", cantor desautoriza uso de suas músicas

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 1 jun 2017, 16h16 - Publicado em 20 mar 2016, 20h11
Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos
Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos (Leo Aversa/)
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Os incessantes gritos de “não vai ter golpe!” vindos da plateia interromperam o espetáculo Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos durante a apresentação na noite deste sábado (19), no Sesc Palladium, em Belo Horizonte. Parte do público não aceitou um comentário do ator e diretor Claudio Botelho contra a presidente Dilma e o ex-presidente Lula e, por causa da confusão, o espetáculo foi interrompido antes do fim.

Como correu o boato de que esse grupo voltaria à porta do teatro antes da apresentação programada para este domingo (20), o Sesc cancelou o espetáculo, que encerraria a temporada nesta data. Diversas reações pipocaram na internet. Em uma delas, um ator que se identifica como Adir Assunção afirma ter enviado um e-mail diretamente para Chico Buarque dizendo que ele não pode mais conceder os direitos de uso de suas canções no musical.

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O assunto também preocupou Botelho que, ainda em Belo Horizonte, entrou em contato com Vinicius França, empresário de Chico Buarque. “Não consegui falar com o Chico, mas eu precisava dar a minha versão”, disse Botelho. “Mesmo assim, lamento que a bela amizade que eu e o Charles (Möeller) cultivamos com Chico nesses últimos anos ficasse ameaçada por conta desse episódio”, completou ele, pressentindo o que de fato aconteceu: segundo O Globo, Chico Buarque manifestou por meio de seus assessores retirando a autorização para Botelho usar suas canções em musicais.

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Charles Möeller e Claudio Botelho
Charles Möeller e Claudio Botelho ()

“O governo militar interrompeu uma apresentação de Roda Viva. E agora vocês interromperam o nosso Roda Viva”, disse Botelho, antes de sair de cena. As reações negativas, porém, convenceram Chico Buarque a decidir, na tarde deste domingo (20), a não mais liberar os direitos de sua música para os espetáculos de Botelho e sua empresa.

Discussão vazou na internet

Botelho enfrentou outro problema com a divulgação de uma gravação da conversa que ele teve com uma das atrizes do espetáculo, Soraya Ravenle, no camarim. Ela tenta acalmar o ator argumentando que considerava um erro o acontecido, especialmente por causa da forte comoção que a política vem provocando no país nas últimas semanas.

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botelho-ravenle-peca-chico
botelho-ravenle-peca-chico ()

Ao responder à atriz, Botelho diz: “O artista no palco é um rei. Não pode ser interrompido por um nego, por um filho da p… da plateia”. Diversos sites, porém, divulgam que o ator teria falado “negro”, o que também gerou uma série de acusações racistas na internet. “Eu falei ‘nego’, que é uma gíria muito usada no Rio quando se quer falar ‘cara’, ou seja, sobre alguém indeterminado.”

Entenda o caso

O musical é uma história sobre um grupo de atores mambembes que, de cidade em cidade, vivem diversas histórias, todas ornamentadas por canções de Chico. “Sempre faço improvisos em um determinado momento do espetáculo, incluindo comentários políticos, criticando de Dilma a Eduardo Cunha, e nunca enfrentei nenhuma reação negativa, ao menos, no Rio de Janeiro”, contou Botelho à reportagem, no início da tarde deste domingo, 20, ainda em Belo Horizonte. 

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O momento a que ele se refere acontece quando seu personagem, o dono de uma companhia de teatro itinerante, chega a uma cidade onde não encontra ninguém na praça. Pelo texto original, ele diz: “Onde estão as pessoas dessa vila? Assistindo novela?”. Em seguida, vem o momento do improviso e, no sábado, Botelho acrescentou: “Ou será que estão assistindo à prisão de um ex-presidente? Ou de uma presidente ladra que vem sendo vítima de impeachment?”

Nesse instante, ouviram-se duas ou três vaias. “Depois viraram dez, até que, de um determinado ponto do teatro, onde estavam cerca de 200 pessoas (o Sesc Paladium tem capacidade para aproximadamente 1 000 espectadores), começaram os gritos de ‘Não vai ter golpe’. Minha primeira reação foi a de rir. ‘Mas até na minha terra isso acontece, gente?’, eu falei. Não adiantou. Uma turma se aproximou até perto do palco, com um olhar raivoso que poucas vezes vi, e continuou gritando. Houve quem pedisse silêncio, dizendo querer ver o espetáculo. Cantamos mais duas músicas, mas foi impossível continuar”, relata o ator.

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