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Artista chileno Cheo González fomenta arte LGBTQIA+ com exposição e museu virtual

Há cinco anos em São Paulo, o pintor e ilustrador gay exibe obras com textos de Mário de Andrade na mostra '22', do Museu Lusófono da Diversidade Sexual

Por Tomás Novaes
Atualizado em 28 Maio 2024, 09h06 - Publicado em 10 fev 2023, 06h00
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  • “Minha arte, em particular, é bem feia. Meio agressiva, monocromática. Toda a minha criação se baseia em tentar copiar a estética das paredes da cidade. Não os grafites, as paredes mesmo, a sujeira”, diz Cheo González, 47.

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    O artista chileno que mora em São Paulo há cinco anos é fascinado pelo Bom Retiro. “Primeiro me apaixonei pelo bairro por ser um recanto de imigrantes. Depois, pelos restaurantes. E também porque queria um apartamento grande por um bom preço.”

    Esse interesse especial é um dos motes da mostra virtual 22, do Museu Lusófono da Diversidade Sexual, que conecta entidades de cultura LGBTQIA+ de diferentes países que falam o português.

    Imagem mostra pintura vermelha e branca, com uma cabeça grande ao centro
    Portrait No 0011 (2015): obra que foi deixada na rua e retornou para o estúdio. (Alexandre Battibugli/Veja SP)

    O número que dá título à exposição, na plataforma Google Arts & Culture, refere-se não só à Semana de 22 mas também à soma das onze pinturas de González, que é gay, com os onze excertos de obras do paulistano Mário de Andrade (1893-1945) que compõem o percurso, com curadoria de Franco Reinaudo.

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    Os textos transitam entre o político e o sensual, remetendo à bissexualidade do modernista. “Meu primeiro contato com Mário de Andrade foi nos anos 90 — peguei um livro em um sebo e adorei, mesmo tendo um português muito ruim na época”, conta Cheo, que traçou carreira na publicidade antes de se dedicar exclusivamente à arte, com sua vinda à capital paulista, em 2018.

    Na região onde mora, estabeleceu uma relação única entre as obras e a vizinhança. “Meu trabalho tem uma conversação do estúdio com a rua. Faço as pinturas, vou para a rua e colo elas em paredes. Lá elas ficam uma semana, um mês, o pessoal pixa, rabisca, e depois trago para o ateliê. Repito esse procedimento quatro, cinco vezes por obra. A maioria se perde, mas muitas voltam”, explica Cheo, que já participou de duas mostras do Museu da Diversidade Sexual, a coletiva Diversa (2019) e a pandêmica Queerentena (2020).

    “O processo da Covid-19 me fez pensar na fragilidade econômica dos artistas queer.” Foi a partir desses projetos que decidiu desenvolver o The Queer Museum — um museu virtual de arte LGBTQIA+ com foco comercial, previsto para abril, com exposições de artistas do mundo todo.

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    Em agosto, partirá para Londres para cursar mestrado em artes, mas conta que sentirá falta de São Paulo. “Acho a cidade muito interessante. A sujeira, as paredes. Lá não tem muito isso.”

    Publicado em VEJA São Paulo de 15 de fevereiro de 2023, edição nº 2828

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