A paixão por board games virou negócio para o jornalista Paulo Galdieri, 42. Ele e a esposa, Fabiana Bezerra, 40, colecionavam um acervo para lazer. “Era o presente que comprávamos em todos os aniversários. Quando percebemos, tínhamos mais de oitenta”, relembra Galdieri. Na pandemia, o conjunto se transformou nas opções da Van Ludens, empresa de aluguel de jogos de tabuleiro em São Paulo. Hoje o casal já perdeu a conta, mas estima-se que somem 113 títulos, dos clássicos — War, Detetive, Jogo da Vida — aos mais modernos.
No começo de maio, Galdieri postou no Facebook a ideia de alugar a coleção. Não demorou muito para que os interessados aparecessem e o casal tivesse de formular às pressas um sistema eficiente de aluguel e entrega.
Para receber o jogo em casa, o cliente deve entrar em contato pelas redes sociais da Van Ludens (Facebook ou Instagram) ou por meio do WhatsApp (95581-2020 ou 98539-5070). O catálogo é enviado e, para os mais indecisos, Galdieri auxilia na escolha de acordo com cada perfil. Os board games são categorizados em “Tranquilão” (fáceis de aprender), “Concentrado” (dificuldade média) e “Insano” (mais complexos). A maioria dos títulos é para jogadores a partir dos 8 anos, mas há opções para crianças a partir de 4. A diversão pode ser em grupo ou sozinho: no jogo de batalha Root, pode-se jogar contra o tabuleiro ou em até seis pessoas. Caso haja dúvidas, Paulo pode ser acionado para saná-las por videochamada.
O clássico que não fica parado na estante da Van Ludens por muito tempo é o famoso Banco Imobiliário, enquanto entre os títulos modernos o jogo de estratégia Catan está fazendo sucesso. Ele segue o estilo alemão, é dinâmico, com interação entre os jogadores, na medida para famílias. Por mais que alguém esteja se saindo mal na brincadeira, não há eliminação e o grupo joga junto até o final da partida.
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“Jogos de tabuleiro são caros, então gosto de testar vários com meu marido e sobrinhos”, conta a tradutora Claudinea Sierra, 49, que decidiu ir além do baralho. O valor do aluguel de board games avulsos varia de 20 a 50 reais, por um período de sete dias. Há também a opções de pacotes, que incluem quatro jogos por mês, de 120 a 200 reais, seis jogos por 150 reais ou oito pelo preço de 200 reais, por dois meses. O cliente decide se quer receber todos os títulos de uma vez só ou espaçadamente ao longo do mês. Paulo e Fabiana fazem a entrega e retirada na capital e região metropolitana de São Paulo de graça. Caso a região ultrapasse um raio de 10 quilômetros da Zona Norte, onde a Van Ludens fica, é cobrada uma taxa de entrega, que varia de 5 a 10 reais, para cobrir o gasto com gasolina.
Em decorrência da pandemia, todos os tabuleiros são higienizados antes de ser entregues e assim que são recebidos de volta. Os sócios passam papel descartável com álcool 70% em todas as cartas — colocadas em sleeves, saquinhos plásticos próprios para esse uso — e demais pecinhas. Depois, deixam as embalagens em repouso por 48 horas antes de alugar novamente.
Em apenas quatro meses de operação, foram recebidos sessenta cadastros de clientes, o que gerou um lucro de 3 000 reais. Está na meta da Van Ludens expandir o serviço de aluguel dos tabuleiros e cartas a hotéis e pousadas, para que os hóspedes possam se divertir mesmo quando não é possível fazer atividades externas, como em dias chuvosos.
Para empresas, a proposta é usá-los em dinâmicas em equipe, como ferramenta de treinamento ou em processos seletivos. “Por causa das regras, os jogos colocam as pessoas em situações de stress e tensão. É possível analisar como cada um age quando precisa tomar decisões rápidas em qualquer atividade lúdica”, explica Galdieri. Ele tira dúvidas durante a partida e Fabiana, formada em psicologia, analisa os jogadores e depois entrega um relatório com os resultados. O ideal é que os dois acompanhem a sessão pessoalmente, com máscara e seguindo protocolos de higiene, para não perder nenhuma ação dos envolvidos. Como o serviço é personalizado, o preço e o tempo da partida dependem do tamanho da empresa e de seu objetivo.
Publicado em VEJA São Paulo de 30 de setembro de 2020, edição nº 2706.