Design nacional brilha na CASACOR, com destaque para Sergio Rodrigues
Peças icônicas do arquiteto e designer carioca estão espalhadas ao longo do percurso de 72 ambientes da mostra, no Parque da Água Branca

Todos os anos, a CASACOR apresenta o que há de melhor no universo da arquitetura, decoração e paisagismo. Ao visitar o evento, é possível acompanhar as tendências do mercado e ainda observar exemplares valiosos de obras de arte e peças de design, assinadas por ícones da cultura brasileira. Na edição deste ano, um nome específico é recorrente: Sergio Rodrigues (1927-2014).
Há diversos desenhos emblemáticos do arquiteto e designer carioca espalhados ao longo do percurso de 72 ambientes da mostra, que ocupa o Parque da Água Branca.
O sofá Hauner foi empregado na sala do projeto do arquiteto Tufi Mousse, de 76 metros quadrados. Para o profissional, o uso da peça, com pranchas de madeira e almofadões, “transporta o visitante ao auge do design modernista”. No loft, há ainda a cadeira Júlia e a cadeira Daav.

Juntam-se a elas as poltronas do italiano Carlo Hauner e o mobiliário assinado pelo próprio profissional, reunindo os estilos vintage e contemporâneo. “A combinação apresenta uma harmonia atemporal”, comenta. O encontro entre modernismo e contemporaneidade é justamente o conceito do espaço.
Outro desenho marcante de Sergio Rodrigues, a poltrona Chifruda pode ser encontrada no ambiente de 57 metros quadrados do Maai Arquitetura. Inspirado pelo tempo e pelos ciclos da vida, o living ganha uma linguagem orgânica com a presença da peça.


“A escolha se dá não apenas pelo valor icônico, mas também pela capacidade de evocar acolhimento, elegância e presença”, explica Monica Pinto, sócia do escritório ao lado de Arnaldo Pinho e Isabel Veiga. “Com forma robusta, a estrutura em madeira e o estofamento generoso convidam à permanência e ao descanso.”
A poltrona Vivi, apelidada por Rodrigues de “cama de gato”, dá mais um toque de charme ao living de 76 metros quadrados de Léo Shehtman. “Sergio Rodrigues é um ícone, gosto sempre de usar alguma peça, é uma forma de sofisticar e, ao mesmo tempo, manter a simplicidade”, analisa o arquiteto.


A poltrona está acompanhada de uma curadoria de design totalmente brasileiro, que brilha diante da parede de tijolos de vidro. “Nosso país tem uma criatividade e uma qualidade de fabricação muito grandes. Sergio Rodrigues nos mostrou onde estava escondido o talento dos brasileiros.”
Uma reedição do clássico sofá Mole também está presente na mostra de arquitetura, mais especificamente no projeto de Renzo Cerqueira. O hall de 20 metros quadrados busca proporcionar um momento de pausa e desaceleração. Além de oferecer conforto, a obra de Rodrigues, com estrutura de madeira torneada, percintas de couro e almofadas, “traduz com leveza e irreverência a alma brasileira”, segundo o arquiteto.

No ambiente, há outras peças desenhadas por brasileiros, como Eduardo Trevisan, Alva Design e Marcelo Stefanovicz, em uma proposta de reflexão acerca do morar contemporâneo com elementos tradicionais.
Mais destaques do design nacional na CASACOR são a namoradeira de vime do Estúdio Campana, poucas vezes exibida no Brasil, no projeto de João Armentano, e duas poltronas Jangada, de Jean Gillon, uma no living de Natália Xavier e outra no espaço do La Rous Studio. ■
CASACOR 2025. Parque da Água Branca. Rua Dona Ana Pimentel, 37. ♿ Ter. a dom., 11h/20h. R$ 121,00 e R$ 200,00 (visita guiada). Grátis ter. e qua., a partir das 18h. Até 3/8. appcasacor.com.br.
Publicado em VEJA São Paulo de 18 de julho de 2025, edição nº 2953