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Vai-Vai celebra Zé Celso e carnavalesco paulistano estreia na Mangueira

Confira os destaques do Carnaval 2025 em São Paulo e no Rio de Janeiro, com Sidnei França homenageando o diretor na escola de samba do Bixiga

Por Tomás Novaes
28 fev 2025, 06h00
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Sidnei, na Fábrica do Samba, na Barra Funda: criação a todo vapor (Roberto Setton/Veja SP)
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É tempo de folia, cada vez maior em São Paulo. Pelo Sambódromo do Anhembi, dezenas de escolas de samba, e, pelas ruas, centenas de blocos desfilarão até o domingo (9).

Entre os tantos acontecimentos dos próximos dias, uma homenagem especialmente paulistana: a Vai-Vai, do Bixiga, celebra a vida de uma grande figura da arte brasileira, o diretor Zé Celso Martinez Corrêa (1937- 2023), fundador do Teatro Oficina, vizinho do bairro.

O carnavalesco por trás da homenagem é Sidnei França, que neste ano foi convidado para idealizar o cortejo de uma das principais representantes do Rio de Janeiro: a Mangueira. São duas grandes escolas em cidades diferentes, ao mesmo tempo — França sabe o exato tamanho do desafio.

Imagem mostra carro alegórico de escola de samba com rosto de homem com a língua para fora
Detalhe do carro alegórico: homenagem a Zé Celso (1937-2023) (Roberto Setton/Veja SP)

“Sou o primeiro carnavalesco de São Paulo, que atuou antes no Carnaval paulistano, a fazer o desfile de uma escola carioca”, diz ele, que é nascido e criado na Casa Verde, e iniciou sua trajetória na Mocidade Alegre. A parceria rendeu quatro títulos (2009, 2012, 2013 e 2014). Em 2020, também saiu campeão do grupo especial com a Águia de Ouro.

Após aceitar os dois convites para 2025, montou uma equipe em cada cidade e se dividiu semanalmente entre São Paulo e Rio. “O Carnaval carioca tem outra temperatura. Lá, o carnavalesco é como o atacante do Flamengo (risos)”, compara.

O contraste também se faz no investimento. “Lá tem três vezes mais grana. Por isso, os desfiles são mais impactantes, tecnológicos e surpreendentes. O Sambódromo é o contrário: o Anhembi é muito mais confortável e estruturado que a Sapucaí”, opina.

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A estreia do outro lado da Dutra provocou desconfiança. “O Carnaval do Rio é muito bairrista. No começo foi assustador — ‘que absurdo é esse, contratar um fotos roberto setton paulista?’, eu lia coisas assim nas redes sociais”, diz ele.

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O carnavalesco paulistano Sidnei França, na Fábrica do Samba: desfile no Anhembi e estreia na Sapucaí (Roberto Setton/Veja SP)

O desfile da verde e rosa pela passarela carioca, no domingo (2), trará o enredo À Flor da Terra — No Rio da Negritude entre Dores e Paixões, sobre a presença dos povos bantos — população da região centro-sudoeste da África. Em São Paulo, o enredo O Xamã Devorado y A Deglutição Bacante de Quem Ousou Sonhar Desordem encerrará os desfiles do sábado (1o).

O cortejo começa com um grande banquete no qual a escola “devora” Zé Celso. “Não é só uma homenagem ao diretor e ao Teatro Oficina, é uma homenagem também à Bela Vista e ao Bixiga”, diz Fernando Romano, membro da direção de Carnaval da escola.

Todas as fases da carreira do artista serão representadas na avenida, com referências a diversos espetáculos, presença de figurinos originais de peças e homenagem a Cacilda Becker (1921-1969). “O Oficina, na arquitetura, é inspirado em um sambódromo, e sempre foi um desejo grande do Zé ter um enredo sobre a companhia”, diz Camila Mota, atriz e diretora na Companhia Teatro Oficina Uzyna Uzona.

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Há uma década, a Vai-Vai conquistava seu troféu mais recente. De lá para cá, muita coisa mudou. O Carnaval de rua paulistano, por exemplo, tinha outra dimensão — em 2015, desfilaram 300 blocos. Neste ano, são 601 confirmados, e a expectativa do governo municipal é um público estimado de 16 milhões de pessoas e impacto econômico de 3,4 bilhões de reais.

“É o maior evento do país, e um dos maiores do mundo”, afirma Gustavo Pires, presidente da SPTuris. Neste ano, a estrutura de segurança envolve mais de 160 000 policiais militares, com 207 drones e 17 000 câmeras.

Gustavo Pires, presidente da SPTuris: à frente da organização da festa de rua
Gustavo Pires, presidente da SPTuris: à frente da organização da festa de rua (Daniel Deak/Divulgação)

Além dos equipamentos fixos, a Secretaria de Segurança Urbana terá à disposição 23 000 câmeras do Smart Sampa, sistema de vigilância da prefeitura. Uma novidade será a presença do Smart Dog, robô com lentes capazes de fazer reconhecimentos faciais em tempo real.

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Outra ação inédita será a distribuição de 2,2 milhões de copos d’água nos maiores trajetos. Assim como no ano passado, todos os blocos devem encerrar seus desfiles às 18h, com dispersão até as 19h.

O Smart Dog: robô que faz reconhecimento facial
O Smart Dog: robô que faz reconhecimento facial (Ciete Silverio/SECOM/Divulgação)

Segundo Pires, as restrições de horários se dexvem à limpeza, à liberação das vias para os carros e à segurança. “Desde que o horário passou para as 18h, os números de furto, assédio e estupro diminuíram drasticamente”, diz.

Confira um roteiro do melhor do Carnaval de rua paulistano e também a programação de desfiles das escolas de samba do Grupo Especial. E, a seguir, destaques do pré-Carnaval na cidade, da festa carioca e do Sambódromo do Anhembi. (Colaboraram Sérgio Quintella e Ana Mércia Brandão)

ACADÊMICOS DO BAIXO AUGUSTA

O pré-Carnaval aconteceu no último fim de semana, com destaque para a saída de um dos blocos mais tradicionais da cidade, no domingo (23): o Acadêmicos do Baixo Augusta, fundado em 2009.

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Multidão no desfile do Acadêmicos do Baixo Augusta, no domingo (23): bloco tradicional paulistano
Multidão no desfile do Acadêmicos do Baixo Augusta, no domingo (23): bloco tradicional paulistano (Frâncio de Holanda/Divulgação)

“Foi um dos nossos desfiles mais lindos”, diz o cofundador Alê Youssef, ex-secretário Municipal de Cultura de São Paulo. O cortejo levou à Consolação artistas como Tulipa Ruiz, Yago Oproprio, Otto e Tássia Reis, com homenagens ao sambista Jorge Aragão e ao porta-estandarte Marcelo Rubens Paiva.

“O samba e o Carnaval de São Paulo são constantemente diminuídos, mas a gente tem uma tradição que remete ao começo do século passado. Temos uma história riquíssima, por isso falamos de retomada do Carnaval de rua”, explica Youssef.

Sobre o atual modelo de gestão do evento, ele critica a restrição de horários. “É preciso achar uma estratégia para que exista Carnaval de rua noturno em São Paulo. Existe em Salvador, Recife, Rio de Janeiro, e já houve aqui — não dá para aceitar, em um grande centro, isso de acabar às 18h”, afirma.

DESTAQUES DO CARNAVAL NO RIO DE JANEIRO

Camarote Folia Tropical

Compromisso social e entretenimento de primeira se encontram no Folia Tropical, camarote criado por Newton Mendonça e Agnes Nilsson, ao lado do filho Mickael Noah.

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O camarote Folia Tropical: entretenimento com impacto social
O camarote Folia Tropical: entretenimento com impacto social (Folia Tropical/Divulgação)

Com três pavimentos e seis ambientes no Setor 8 Especial, a experiência all-inclusive conta com cardápio assinado pela chef Andressa Cabral e shows de Criolo, Leci Brandão, Titãs, Os Garotin e Olodum.

Com treze anos de trajetória, foi o primeiro supercamarote da Sapucaí a vender ingressos além de receber convidados VIP. “Atuamos como operadores de Carnaval há bastante tempo, e somos uma empresa familiar”, define Mendonça.

Acessibilidade, incluindo intérpretes de libras, festa com temática LGBT e iniciativas sociais fazem parte do projeto. “Sou irmão de um rapaz com deficiência, que ama Carnaval. Por isso criamos o projeto Folia dos Amigos do Ton, em que levamos crianças em vulnerabilidade social para o sambódromo”, conta Noah.

Os ingressos custam a partir de R$ 1 990,00, no site da Ticketmaster Brasil.

Baile do Fairmont Rio

O Baile de Máscaras do Fairmont Rio acontece na sexta-feira (7) que antecede o desfile das campeãs, com o tema Jardim Tropical: entre Flores e Fantasias, o Paraíso É Real.

A cantora Iza: atração do Baile de Máscaras do Fairmont
A cantora Iza: atração do Baile de Máscaras do Fairmont (Alex Santana/Divulgação)

A festa contará com apresentações da cantora Iza e da escola Grande Rio, e a musa será a ex-BBB Alane Dias. A gastronomia será assinada pelo chef Jérôme Dardillac.

“Nos anos 2000, realizávamos o icônico Bal Masqué, que se tornou referência de glamour. Em pleno 2025, trazemos de volta essa tradição”, diz Netto Moreira, gerentegeral do hotel.

O evento, feito em parceria com o Camarote Arpoador, tem ingressos a partir de R$ 3 000,00 à venda no site da Ticketmaster Brasil.

DESTAQUES DO SAMBÓDROMO DO ANHEMBI

Camarote Bar Brahma

No ano em que completa 25 anos, o CBB terá shows de Alexandre Pires, Iza e Ferrugem, na sexta-feira (28); Jorge Aragão, Mumuzinho e Xande de Pilares, no sábado (1o); Diogo Nogueira e Raça Negra, no domingo (2); e Carlinhos Brown e Léo Santana, no desfile das campeãs (8).

O Camarote Bar Brahma: 25 anos
O Camarote Bar Brahma: 25 anos (Pridia/Divulgação)

A área vip inclui comes e bebes do Riviera Bar e do restaurante Notiê. Os ingressos custam a partir de R$ 1 990,00, com vendas pela Total Acesso.

Camarote Amstel Essepê

O espaço terá shows de Thiaguinho e Jeito Moleque, na sexta (28); Péricles e Turma do Pagode, no sábado (1o); Sorriso Maroto e Jonas Medeiros, no domingo (2); e Belo e Pixote, no desfile das campeãs (8).

Restaurantes como Pita Kebab e Sassá Sushi estão no cardápio e os ingressos custam a partir de R$ 1 007,40, no site da Ticket360.

Publicado em VEJA São Paulo de 28 de fevereiro de 2025, edição nº 2933

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