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Entrevista com Bobby McFerrin, que faz três shows na cidade

O improvisador norte-americano fala sobre seu repertório e a experiência de tocar no país

Por Patrícia Colombo
Atualizado em 5 dez 2016, 14h26 - Publicado em 23 Maio 2014, 17h02
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  • Depois de passar pelo Brasil em 2011, Bobby McFerrin retorna ao país com a turnê de seu mais recente álbum, spirityouall (2013), com regravações e canções autorais, no qual homenageia seu pai, o cantor barítono Robert McFerrin – morto em 2006, ele foi o primeiro negro a integrar a Metropolitan Opera, de Nova York, além de ter sido intérprete da chamada spiritual, um gênero musical iniciado pelos escravos africanos nos Estados Unidos com canções de cunho religioso.

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    Aos 64 anos e com mais de 20 milhões de discos vendidos, McFerrin filho, que sempre transitou pelo jazz, pelo blues e até pela música erudita, tem a segurança de quem acredita na qualidade de sua obra e há anos deixa de lado nas apresentações ao vivo seu maior sucesso, Don’t Worry Be Happy. “Não acredito que essa seja a melhor canção do meu repertório”, diz. Em entrevista a VEJA SÃO PAULO, o norte-americano revela seus costumes durante as turnês, a importância da família no desenvolvimento de seu amor por música e explica o porquê de não cantar a faixa que mais lhe deu retorno comercial.

    Sua última passagem pelo Brasil foi em 2011. Como é voltar ao nosso país?

    Com o meu trabalho eu tenho a possibilidade de visitar muitos lugares incríveis pelo mundo. Mas, na maior parte do tempo, eu acabo agindo como um eremita, trancado no quarto do hotel. A verdade é que para fazer a minha música, preciso de foco e calma, de momentos em silêncio. Como não quero decepcionar meu público, levo essa necessidade muito a sério. Então, eu passeio superpouco para conhecer esses lugares. Mas assim que eu subo no palco eu consigo sentir as peculiaridades da plateia. Se são mais tímidos e reservados ou se estão prontos para festejar. E no Brasil, o público é tão musical que eu sinto isso no ar.

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    Você é conhecido, entre outras coisas, por suas técnicas de improvisação. Na hora de preparar o repertório, pré-estabelece as canções ou as escolhe na frente do público?

    Nós mantemos um setlist pronto conosco, mas nunca o seguimos criteriosamente. Gostamos de surpreender o público. Recentemente temos tocado várias canções do spirityouall, meu mais recente álbum, alguns covers e músicas inéditas que ainda não foram gravadas.

    Seu pai, Robert McFerrin, foi um renomado cantor barítono. O que você mais aprendeu com ele, musicalmente falando?

    Ele era um cara extremamente disciplinado. Tenho certeza de que absorvi diversas técnicas vocais só de observá-lo praticando e ensinando. Realmente era um mestre no que fazia. Minha mãe, por outro lado, tinha também a consciência do poder de cura que a música proporciona. Então, quando eu ficava doente, ela trazia uma sopa, remédios e colocava um álbum para tocar. Acredito que o fato de eu ter crescido em um lar em que tínhamos contato com todos os tipos de música foi uma base importante para eu ter me tornado o artista que sou hoje.

    Seus fãs se perguntam o porquê de você não tocar seu maior hit, Don’t Worry Be Happy, ao vivo.

    Eu me diverti muito gravando essa canção e fico feliz ao ver o grande significado dela para tantas pessoas. Mas ela foi gravada em sete canais, com as variações da minha voz. Era uma experiência de estúdio. Fazer isso ao vivo seria muito difícil pela minha opção de não usar nada pré-gravado em meus shows. E tem o fato de que eu tenho tanto a falar e tanto a explorar musicalmente que opto por não querer repertir certas coisas o tempo todo. E não acredito que essa seja a melhor canção do meu repertório.

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