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Ballet Paraisópolis estreia companhia profissional com alta busca por vagas

Projeto que oferece aulas de dança gratuitas na comunidade da Zona Sul debuta com espetáculo e exposição de fotografias no dia 10 de março

Por Júlia Rodrigues
1 mar 2024, 06h00
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Parte da Cia. Ballet Paraisópolis: maioria formada no local (Flávio Florido/Divulgação)
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O Ballet Paraisópolis, um projeto que há doze anos oferece aulas de dança gratuitas na comunidade da Zona Sul, dará um passo digno de aplausos: vai estrear uma companhia profissional de dançarinos. A Cia. Ballet Paraisópolis, composta principalmente de alunos formados pela iniciativa, debuta com um espetáculo e uma exposição de fotografias no próximo dia 10, no Teatro Ítalo Brasileiro, em Santo Amaro.

A companhia começou a virar realidade após a formatura dos primeiros alunos do curso, que tem duração de nove anos, em 2022. Com dezenove bailarinos, o grupo estreia com o balé Véspera (2023), uma coreografia autoral de Christian Casarin, diretor artístico da escola. Fará também uma remontagem de um Pas de Deux (trecho executado por um dueto em destaque) de Don Quixote, criada por Weverton Aguiar, professor e ensaiador da organização.

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Cena de ‘Véspera’, o balé da estreia: coreografia autoral (Marcelo Machado/Divulgação)

A exposição Ballet Paraisópolis — Voar É Possível abre para o público antes do espetáculo e terá registros de oito fotógrafos que retrataram a iniciativa desde o início, em 2012. Hoje, o projeto atende 200 crianças e adolescentes — e mais 2.000 esperam por uma vaga. “Somos uma escola profissionalizante, para quem quer seguir na carreira da dança. Muitos dos integrantes da companhia estão conosco desde quando eram crianças”, afirma a fundadora Mônica Tarragó.

É o caso de Isabela de Sousa, 19, que entrou no projeto em 2016, aos 11 anos, influenciada pela irmã mais velha, também ex-aluna do projeto. “Minha família tem uma relação próxima com a dança. Além da minha irmã, que é bailarina, minha mãe era dançarina de palco quando jovem”, ela conta.

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Nascida em Barra do Corda, no Maranhão, ela se mudou para a capital paulista para acompanhar a mãe, que veio em busca de trabalho. Hoje, mora a poucas ruas da escola, onde costuma ficar das 8h30 às 16h para se dividir entre as aulas e os ensaios. À noite, cursa publicidade e propaganda no Centro Universitário Católico Ítalo Brasileiro, instituição parceira do Ballet Paraisópolis que, além de ceder o teatro para a estreia, dá bolsas de graduação para todos os bailarinos do grupo.

O integrante mais jovem da companhia é Luiz Fabiano Dias, 18, recém-formado no ensino médio. Ele nasceu e cresceu em Paraisópolis, em uma casa próxima à da colega de palco. Também começou a dançar aos 11 anos. “Minha mãe ouviu o anúncio da seleção em um carro de som e me trouxe para tentar”, ele relembra.

Isabela e Luiz também foram selecionados para cursos de verão em importantes escolas de balé do exterior — ela no American Ballet Theatre (ABT), de Nova York, em 2020, ele na Royal Academy of Dance, de Londres, na Inglaterra, no ano passado. Mas, devido à pandemia, Isabela teve de fazer as aulas a distância; e Luiz não pôde viajar para o curso porque a organização não conseguiu levantar dinheiro suficiente. “Fico feliz só de ter sido chamado”, ele diz.

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Weverton, Mônica e Christian com alunos: 2.000 jovens na lista de espera (Vitória Andregueti/Divulgação)

Nove dos dezenove bailarinos da companhia vieram de fora do Ballet Paraisópolis, inclusive de outros estados. Na segunda-feira (26), dia da visita feita pela Vejinha, a instituição recebia um dançarino recém chegado do Rio de Janeiro, cujas malas ainda estavam na entrada da escola. “Ele passou na audição no dia 16 e chegou agora para morar em São Paulo. Mais cedo, perguntei se não queria tomar um banho ou comer algo, mas ele quis ir direto para o ensaio”, conta Mônica.

Desde o anúncio da estreia, a organização tem recebido várias candidaturas, até do exterior. “Acabou de chegar um currículo de uma bailarina da Suíça”, ela afirma. Para a fundadora, a alta procura é resultado da boa reputação da iniciativa. Mônica acredita que a estreia da companhia profissional vai ajudar na captação de recursos via leis de incentivo, a principal fonte de financiamento do Ballet Paraisópolis. “É uma forma de mostrar para o mundo como eles são potentes e bons. Eles vão voar”, ela acredita.

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Além de ampliar o número de dançarinos da companhia para 22 até o final do ano, a instituição pretende abrir mais quarenta vagas para as aulas de dança. Depois da capital, o grupo leva o espetáculo e a exposição para um roteiro de cidades pelo interior de São Paulo.

Publicado em VEJA São Paulo de 1º de março de 2024, edição nº 2.882.

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