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Última semana para conferir megaexposição de Augusto de Campos

Bate-papo com o poeta acontece na próxima quarta (27), no Sesc Pompeia

Por Julia Flamingo
Atualizado em 1 jun 2017, 16h12 - Publicado em 5 Maio 2016, 20h13
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  • Nos anos 50, os poetas Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari surgiram com a expressão verbivocovisual, que mais parecia uma junção estranha de palavras aleatórias e sem sentido. O termo, na verdade, era uma apropriação da palavra criada pelo autor irlandês James Joyce que, no Brasil, significava a fundação de toda a poesia concreta. Apesar de complicado, virou parte do dicionário de poetas, artistas plásticos, músicos e historiadores de várias gerações, até hoje.

    “Verbivocovisual significa uma preocupação visual, semântica e sonora com o que se produz”, explica Daniel Rangel. Ele é o curador da exposição Rever, a maior individual da carreira de Augusto de Campos que, aos 85 anos, é o único sobrevivente do grupo fundador do movimento internacional da poesia concreta no Brasil. Uma das melhores mostra do primeiro semestre do ano, Rever fica em cartaz até o próximo domingo (31), no Sesc Pompeia. Para fechar a programação com chave de ouro, o centro cultural promove bate-papo com o poeta na quarta (27), às 20h – é só chegar ao local com uma hora de antecedência.

    Augusto comemora 65 anos de carreira com a mostra que considera ao mesmo tempo retrospectiva e prospectiva, já que reúne trabalhos realizados durante toda sua vida, ao mesmo tempo em que propõe novas leituras de sua produção, lançando mão de suportes tecnológicos. O poeta acredita que a mostra não poderia ter vindo em melhor hora: “Já que o Brasil está numa fase de tanto desgaste e desilusão, quem sabe a poesia pode resensibilizar as pessoas e trazer a elas um pouco de conforto”, conta.

    Augusto de Campos
    Augusto de Campos ()
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    São 75 trabalhos expostos no Sesc que tiveram como ponto de partida quatro livros de poesia escritos por ele, Viva Vaia, Despoesia, Não e Outro, além de peças sonoras e audiovisuais. Não pense que você irá se deparar com simples declamações ou leituras de poesias. Expandidas para além de folhas de papel, elas foram transformadas em serigrafias, objetos, esculturas, colagens, instalações, áudios, animações e até em vídeos 3D, trazendo para o público um tipo alternativo de experiência com esta linguagem.

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    Augusto de Campos
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    Idealizada em parceria com o Instituto de Cultura Contemporânea (ICCo), a mostra dá conta de reunir desde a primeira produção do poeta, O Rei Menos o Reino, de 1951, até Outro, de 2015. Poemas pop (os mais conhecidos do público), como Viva Vaia e Poema Bomba, são apresentados em projeções de grandes dimensões e ganham versões em 3D: a poesia nunca se aproximou tanto do público. 

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    Estão ali, também, os poemas fundamentais (menos afamados): uma longa parede repleta de serigrafias mostra escritos bem-humorados em que jogos de palavras e sílabas apresentam o profundo conhecimento de Augusto de Campos pela língua portuguesa. Na mesma medida, a preocupação plástica com as palavras é o que aproxima o público da linguagem. “Augusto nunca foi reconhecido como um artista visual˜, conta Rangel. “Com esta exposição, queremos corrigir este lapso”, explica. 

    Muitos de seus textos foram pensados originalmente para se expandir além do suporte do papel. No começo da poesia concreta, por exemplo, em 1952, Augusto lançou, ao lado de seu irmão Haroldo de Campos e amigo, Décio Pignatari, a revista Noigandres. Eles usavam carbonos coloridos e máquina de datilografar para escrever uma espécie de partitura, em que cada uma das palavras eram impressas em diversas cores, que correspondiam à vozes diferentes no momento em que o poema era pronunciado. Outros exemplos são dos dois raros projetos holográficos expostos na mostra e produzidos por Augusto em 1980: na época, já eram uma tentativa de atingir a imagem tridimensional, como existe hoje.

    Augusto de Campos
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    Citando nomes como Fernando Pessoa, João Cabral de Melo Neto e Carlos Drummond de Andrade, Augusto acredita que a poesia brasileira sempre foi muito sofisticada, mesmo no que diz respeito à produção de jovens autores. Ainda sim, ele questiona sua sobreviência, alegando ser um gênero difícil, por atingir um público muito específico e não ter um retorno financeiro significativo: “Acho que ela só continua resistindo porque faz perguntas para a nossa própria existência”, diz.

     

     

     

     

     

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