Uma das grandes invenções de arte contemporânea foi a instalação. Grandes, pequenas, interativas ou divertidas, estas esculturas modernizadas – que podem vir aliadas à vídeos, sons, às mais variadas tecnologias, materiais pouco usuais, entre outros – costumam chamar bastante atenção numa exposição. Principalmente pela carga de criatividade. Escolhemos as oito melhores instalações que fazem valer a pena a ida até museus, galerias ou centros culturais da cidade.
1 – Controle Remoto, na Galeria Vermelho
Os nomes de Gisela Motta e Leandro Lima quase não são mencionados em separado. A dupla de artistas paulistanos trabalha em conjunto desde a graduação na Faap, concluída em 1999. Juntos, eles já fincaram sua bandeira em diversas partes do mundo, como Holanda e Suíça, com obas que mexem com tecnologia. Em Controle Remoto, trinta casinhas de pássaro emitem luzes e sons de programas de rádio e TV. Dispostas lado a lado, elas parecem até um conjunto habitacional. Eles fazem uma crítica às pessoas que, no lugar de refletirem, simplesmente são levadas pela opinião da mídia e dos políticos.
2 – Trabalho, no Masp
A escolha dos materiais e do título da obra de Tiago Honório não poderia ser mais clara. O interessante é o seu processo de montagem. A instalação reúne uma coleção de ferramentas que pertenceram a mestres de obra e pedreiros envolvidos no restauro de uma antiga subestação de energia do centro de São Paulo, um edifício da década de 20, recentemente restaurado. A partir de conversas e negociações com os trabalhadores, durante uma residência artística, Honório propôs a troca das ferramentas, entregando a eles instrumentos novos. Parte delas também foi doada espontaneamente pelos trabalhadores.
3 – Durante o Caminho Vertical, na Pinacoteca
Dezesseis colunas de 5 metros de altura formam a instalação do carioca José Damasceno. Apesar de parecer sustentar a construção, a escultura imponente é muito mais frágil do que se imagina, já que foi criada com folhas de papel de lista telefônica empilhadas. Os trabalhos de Damasceno desafiam as noções do público, já que transformam o que se entende por gravidade, profundidade e solidez.
4 – Sala de Lectura Estrella, no CCBB
Esta instalação gigantesca na entrada do museu é uma recriação do presídio onde ficou detido Fidel Castro. A dupla cubana Los Carpinteros faz uma crítica ao regime socialista usando o prédio construído entre 1926 e 1931 na Isla de la Juventud, que é hoje uma ruína arquitetônica. A obra também é uma biblioteca com estantes vazias, que remete à estrutura decadente do socialismo.
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5 – Adamastor e Repouso, no Centro Cultural São Paulo
O Centro Cultural São Paulo, no Paraíso, ficou mais perto do litoral. Em duas individuais simultâneas, Maurício Adinolfi e Laura Gorski transformam barcos em obras de arte. Causam certo estranhamento esses objetos colocados no meio do museu — mas oferecem também uma sensação de liberdade, pela referência ao mar. Nascido em Santos, Adinolfi mora em São Paulo e acrescenta em sua obra elementos como pedras de sal e mercúrio. Seu pesqueiro carbonizado fica apoiado em uma ossada real de uma baleia jubarte. É uma forma de lembrar os cada vez mais frequentes encalhes desses mamíferos nas praias paulistas. Separadas em pontos (bem) distantes do prédio, a popa e a proa da instalação Adamastor são ligadas por vinte cabos de aço de 40 metros de extensão. Para a paulistana Laura Gorski, o universo das embarcações remete à tranquilidade. Na exposição intitulada Repouso, a nau está pintada de preto, assim como as paredes à sua volta. O público aprecia a montagem em um ambiente quieto, que contrasta com a nossa caótica cidade.
6 – Tape for São Paulo, no Centro Cultural Fiesp
Deitar e rolar num túnel construído com 32 quilômetros de fita adesiva talvez não seja sua ideia inicial de apreciação de uma obra de arte. Mas a instalação do grupo Numen/For Use recebe o visitante na entrada da 17ª edição do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File) e dá o tom de interatividade e diversão proposto pela mostra. Antes de tirar os sapatos para entrar nos túneis, você vai pegar uma pequena fila – mas vale a pena a espera.
7 – Tudo o que eu queria era uma água com gás em estado líquido, na Central Galeria
As obras do paulistano Rodrigo Sassi estão normalmente ligadas à elementos da arquitetura. Ele se utiliza de elementos da construção, como concreto armado, gesso e madeira para produzir moldes cheios de curvas que vão sendo encaixados para a criação de diferentes peças. Nesta obra, ele também traz partes de postes de luz títpicos da cidade de São Paulo.
8 – Strictu II, na Estação Pinacoteca
Cildo Meireles é um dos deuses da instalação no Brasil: ele sempre produz obras ao mesmo tempo poéticas e chocantes, carregado de muita crítica, opinião e muita pesquisa. Nesta obra, ele usa materiais agressivos como algemas, luminárias, barras e bolas de ferro e correntes que, combinados, produzem um belo efeito estético. O público deve andar pela instalação, que remete à repressão e à tortura – o artista fala de autoritarismo, assim como em várias de suas conhecidas peças. A mostra Situações: a instalação no acervo da Pinacoteca de São Paulo apresenta, também, outras 12 grandiosas instalações de artistas brasileiros.