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“As mulheres ainda são menos visíveis na arte”, diz Jochen Volz

Diretor da Pinacoteca explica porque vai dedicar o calendário de 2018 para as exposições de artistas femininas

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 dez 2017, 19h44 - Publicado em 22 dez 2017, 19h37
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    (Christina Rufatto/Divulgação)

     

    O alemão Jochen Volz, diretor artístico da Pinacoteca de São Paulo, recebeu a equipe da VEJA SÃO PAULO para falar sobre as exposições que a instituição vai realizar em 2018. No próximo ano, o programa de mostras será dedicado às produções de artistas mulheres brasileiras e estrangeiras.

    A individual da artista austríaca Hilma af Klint é uma das principais atrações, seguida pela mostra Mulheres Radicais: Arte Latino-Americana, 1960-1985, organizada pelo Hammer Museum, de Los Angeles. As artistas brasileiras Valeska Soares, Rosana Paulino, Laura Lima e Ana Luiza Dias Batista também integram o ano feminino na instituição (veja calendário detalhado abaixo).

    Na conversa, realizada na Estação, unidade do museu localizado no Largo General Osório, Jochen também falou dos motivos que levaram o museu a tomar essa decisão. O bate-papo durou cerca de duas horas e seguiu em tom descontraído. Abaixo, você confere alguns trechos.

    Por que de dedicar a programação de 2018 às mulheres?

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    As mulheres, ainda hoje, são muito menos visíveis no cenário da arte, apesar de serem tão presentes nas escolas quanto os homens. Essa proporcionalidade durante a formação não se reflete nos museus, galerias e coleções. O ciclo de exposições surge então desse questionamento que se relaciona à representação.

    Há outra questão também, relativa às colaborações feitas por elas. Se Hilma af Klint realmente inventou a abstração antes de Wassily Kandinsky e Kazimir Malevich e se realmente foram artistas mulheres que introduziram o vídeo e a performance com vídeo — essa produção mais íntima –, é preciso pensar. Esses são são hoje vocabulários que fazem parte do nosso inventário. É justo esclarecer, então, de que forma elas têm contribuído para história da arte.

    O programa de exposições é acompanhado por uma política de aquisição de trabalhos?

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    Andam juntas, mas nem sempre o que é exibido, é adquirido. No entanto, recentemente, no programa de patronos, conseguimos comprar um vídeo da Letícia Parente. É um dos trabalhos que integram a exposição Mulheres Radicais. O questionamento que impulsionou essa aquisição foi um pouco: ‘Como não temos nada dessa mostra que fala da importância do vídeo e da performance na produção de artistas mulheres?’. A partir dessa pergunta, então, abriu-se a possibilidade de ter trabalho antes da exposição chegar. Essas mostras trazem perguntas para o acervo.

    Como estará o setor educativo no próximo ano?

    É um projeto sempre em movimento. Eu tentei oferecer já na exposição do Di Cavalcanti, para o público espontâneo e para as família, uma experiência mais mediada, em que as ações do educativo e o texto curatorial estão entrelaçados. Os programas que o museu faz estão consolidados. Queremos dar continuidade a eles e, cada vez mais, integrar a experiência educativa de uma forma direta. O Di foi o primeiro experimento disso.

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    A Pinacoteca vai desenvolver alguma ação em 2018 relacionada à efervescência cultural de São Paulo, com participação de coletivos da cidade ou editoras independentes?

    Cada vez mais, a instituição tem uma programação que cria diálogo com a nossa contemporaneidade. Trabalhar em coletivos é algo muito forte na exposição Mulheres Radicais. Em quase todos países da América Latina, isso aparece. Uma das grandes contribuições que vamos dar é a tradução desse catálogo para português, ele é cheio de informação sobre como os grupos nos anos 60 e 70 se formaram. No entanto, nesse programa, não há tantas ações diretamente relacionadas com o que você falou, nos interessamos mais em pensar isso historicamente.

    Como você avalia o ano de 2017?

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    Para Pinacoteca, esse ano teve três momentos importantes. O primeiro foi a grande exposição da Ana Maria Tavares, que contou com uma discussão muito complexa e forte. O segundo, a retrospectiva de Di Cavalcanti. Por fim, a exploração da fotografia no acervo e na instituição. Isso pode ser visto tanto na exposição na mostra Antilogias  quanto na retrospectiva de Mauro Restiffe, expandido-se até a ideia da mostra Ensaio de Tração, em que o conjunto de vídeos apresentados explora a margem entre encenação, ficção e registro de uma forma sutil. Agora Caio Reisewitz e David Claerbout, completamos esse ano.

    EXPOSIÇÕES NA PINACOTECA EM 2018

    Março – Exposição individual de Hilma af Klint; instalações de Tunga (Tríade Trindade), José Damasceno e Ana Luiza D. Batista; e mostra sobre arte sacra.</p>
    <p>Abril – Exposição individual de Emannuel Nassar.</p>
    <p>Julho – Site-specific de Laura Lima no octógono;</p>
    <p>Agosto – Mostra coletiva Mulheres Radicais: Arte Latino-americana, 1960–1985, exposição Coleções em Diálogo com Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro).</p>
    <p>Agosto – Retrospectiva de Valeska Soares na Pina Estação.</p>
    <p>Novembro – Pina Luz recebe obra comissionada de Laércio Redondo; exposição Mito de Origem na Pina Estação.</p>
    <p>Dezembro – Individual da Rosana Paulino na Pina Estação; mostra Ateliê do Artista.

     

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